A existencia de Deus em são Tomás de Aquino

AS VIAS DE TOMÁS DE AQUINO

Tomás de Aquino apresenta as provas da existência de Deus na Summa Theologica e na Summa contra Gentiles. Essas provas são de caráter teológico e não físico, visto que em sua época não havia ainda a separação de filosofia e teologia.

O pensamento tomista influenciou a Igreja em épocas posteriores ora sendo defendido ora freado. Essa influência fica evidenciada, sobretudo, nos documentos eclesiásticos, tais como na Constituição De Fide Catholica do Concílio Vaticano I de 1870 bem como em encíclicas papais como Aeterni Patris e Pascendí de Leão XIII de 1879. No Código de Direito Canônico, parágrafo 1336, inciso dois há uma prescrição incentivando o estudo da Filosofia e da Teologia segundo o método do Doutor Angélico. Porém, na encíclica de Pio XII de 1954 aconselhando uma cautela no estudo segundo o método tomista devido a sua tendência racionalista.

O ponto de partida de Tomás de Aquino para chegar à prova da existência de Deus é o concreto existencial da ordem sensível, visto que Deus não é evidente por ser um Ser em estado puro. Para tanto, logica sobre a mediação dos entes, pois esses sempre são efeitos de uma causa. Assim, a metafísica tomista desenvolve o já presente no senso comum. O instrumento que utiliza para compreender esse mecanismo é a filosofia aristotélica.

Dois são os tipos de provas possíveis um de causa outro de efeito. O núcleo central das provas da existência de Deus redunda no conceito de contingência dos seres, pois essa evidência fica clara na aplicação do binômio aristotélico para a compreensão dos entes.

Na primeira via Tomás partindo das idéias aristotélicas constata que no universo há movimento. E todo movimento tem uma causa. Se todo movimento é movido por uma causa significa que foi movido por outro e assim sucessivamente até chegar a um movente não movido por nada, sendo esse a causa eficiente de todos os demais movimentos existentes no universo.

Na segunda via parte da idéia das causas, posto que, tudo, seja causa ou efeito - visto ser impossível ser as duas coisas ao mesmo tempo, porque se assim fosse, o efeito seria a causa da causa que origina o efeito - tem um princípio que a gera. Então, há de se ter uma causa incausada que causou todas as demais causas.

Na terceira via parte do conceito de necessidade e possibilidade. Segundo ele todos os seres estão em permanente transformação seja gerando, seja corrompendo-se. A necessidade não precisa de causa para existir, já aquilo que é passível de mudança necessita, assim, é necessário que o contingente participe do absoluto para existir.

Na quarta via utiliza-se da cosmovisão platônica segundo a qual os seres estão distribuídos segundo um grau de perfeição ascendente, sendo assim é necessário existir um grau de perfeição que seja todo perfeito em si mesmo.

Na quinta via faz uso da cosmovisão aristotélica que afirma existir uma ordem intrínseca nos seres conduzindo-os para um fim objetivo, a isso se supõe uma inteligência que conduza essa finalidade.

Criticas as provas da existência de Deus

A estrutura lógica é sempre a mesma, isto é, parte-se de um fato, aplica-se um principio, conclui-se.

As três primeiras apóiam-se no princípio da causalidade eficiente na ordem do cosmo. As duas últimas apóiam-se no princípio da causalidade final.

Os princípios de causalidade são empiricamente aceitáveis, mas metafisicamente inaceitáveis. Isso porque o argumento de que é necessário haver uma causa primeira que sustente a sucessão de todas as outras é apenas um postulado lógico sobre o qual se raciocina, pois que é impossível saltar do plano visível ao invisível simplesmente por estabelecer tal postulado, justamente por se tratar de provas a posteriori, ou seja, restritos a imanência.

Ora, as provas da existência de Deus em Tomás de Aquino são de teor teológico, portanto, religioso. Sendo assim se presta a um fim especifico que é o de elevar o crente a um nível de satisfação mais favorável em sua vida de fé. “A religião é determinada realização social de relação com um fundamento absoluto, com algo que incondicionalmente diz respeito a mim. Perante a questão de Deus, o homem pode dizer sim ou não.”

Dranem
Enviado por Dranem em 15/11/2008
Reeditado em 22/11/2008
Código do texto: T1285130