PASSEIO SOLITÁRIO

É tão estranho caminhar entre a multidão e estar só!...

... Olhar os passos descompassados indo na mesma direção ora voltando rápidos, alegres, saltitantes... Brinco com meus cabelos disfarçando o embaraço... Tomara que ninguém perceba minha solidão!... Sorrio... Caminho...

Olhar contemplativo e vejo a tristeza misturada à alegria... Descontração esbarrando ma preocupação de quem estar só... Vejo a pobreza companheira da riqueza, imponente como se fossem iguais... Crianças correndo, carros passando num trânsito maluco, sem direção... Pessoas tocando-me, empurrando-me e eu só...

A manhã é de sol e o calor é imenso! Procuro algo gelado, não tenho grana!

... Sorrio... Caminho... Uma árvore oferece-me sombra. Paro! Descanso!... Lojas diversas seduzem-nos à compra, “Prefiro” olhar!... Sorrisos, músicas, há vida por todos os lados, somente eu pareço vagar... As ruas estreitas parecem mais estreitas por causa da movimentação. As pessoas caminham alegres, indiferentes a tanta confusão... Decido voltar. Caminho para a multidão, como se nela eu pudesse me encontrar... Sair da solidão!

É pipoca, pirulito, refrigerante, sol, calor... Tanta gente misturada nas ruas como se fosse uma só vida... Igual num mundo desigual!...

Já vai longe toda essa agitação, agora há calmaria... Ruas vazias, silenciosas. Pássaros voando, árvores acenando, folhas caídas no chão esperando viajar nas asas do vento, para algum lugar distante... Vida diferente!...

Num banco da praça sento-me e vejo a vida passar... Contemplo as rosas, as nuvens tão escassas no céu azul... O vento que canta melodia de esperança... Há silêncio... Paz.

Como eu queria parar o tempo... Sentir a vida sempre assim... Sorrir mais vezes, brincar descalça na areia, dançar na chuva, me divertir!...

A tarde começa chegar é preciso voltar, acordar!... E lá vou eu carregando minha solidão, fiel companheira, de volta ao abandono onde serei fuzilada, torturada pela vida sem compaixão... Mas levando também, nas asas da imaginação a beleza da vida que vi na multidão, caminhando solitária pelas ruas da cidade sem rumo, sem direção...

Quem sabe um dia eu terei afinal participação?!... Caminharei entre a multidão e serei confusão misturada ao silêncio dos que estarão sós na solidão... Plena, cheia de vida, alma enternecida...

DEUSANEGRA
Enviado por DEUSANEGRA em 10/01/2009
Código do texto: T1376868
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