"Ódio"

Ódio, palavra adorada,

Sentimento bandido, retido,

Esses mesmos que se veneram por tão pouco,

Corroem-se dia após dia por tanta autoflagelação

Transforma-se em líquido de “expressão” escura, “pele” acinzentada,

Traços brutos, esguios aos olhares,

Tímido a beleza, alegria e delicadeza,

Mancha roxa de todos os corpos,

Linguagem perdida e confusa,

Densa e desanexada.

Floresta sem árvores, sem vida,

Vida sem paz, sem sossego,

Sossego das madrugadas frias,

Dos domingos de Sol e tudo mais.

É o caminhar por sobre as agulhas,

Com apenas um destino certo,

Ir até o final e, depois começar tudo de novo,

Pois o novo não existe, apenas o de novo e o de novo,

Eis o ódio que se alastra, impregna nos lençóis,

Na louça do café da manha, no brinquedo da criança,

Nos rostos da irmã, da tia, da vizinha, do pedreiro.

Abençoado ódio que é maldito em nossas mãos,

Somos o que não queremos, fazemos o que desejamos,

O poder de não poder mais nada,

Pelo simples fato de odiar e, não se deixar amar.