Acidentes circustanciais

Ainda que manusiemos pequenos cavacos

Haveremos de cuidar com as farpas

Ou elas nos lembrarão com sangrentas cutucadas

Ainda que nos encantemos com uma pequena fogueira

Deveremos cuidar com nosso próprio vento

Ou ele provocará labaredas que nos desfigurarão a face

Ainda que entremos num mar azul e manso

Haveremos de respeitá-lo pois abaixo de sua superfície

Há um mundo desconhecido que poderá nos tragar sem volta

Nunca estamos totalmente seguros

Nunca somos totalmente puros

Pois há vaidades que nos distraem

Que nossa vontade exagerada de desbravar o mundo

Não se transforme na causa que irá nos aniquilar

Nem afastar, maculado, nosso semelhante

Que nossas armas, as tuas e as minhas

Não roubem o lugar de nosso enlace das mãos

E que amar seja, finalmente, nunca ter que pedir perdão

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Ana Átman
Enviado por Ana Átman em 05/02/2009
Código do texto: T1423245
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