Apenas crianças.
Nas ruas, nas praças, apanhando o sol da manhã;
São crianças;
Sob as marquises, toldos, viadutos;
São crianças;
Na feira, no mercado, vendendo balas nos faróis, nas casas de apoio;
São crianças;
Olhando as vitrines, pedindo um trocado, limpando nossos parabrisas;
São crianças;
Vítmas do descaso, do sistema capitalista, dos pais irresponsáveis;
São crianças;
Nas filas dos transplantes, com a cabeça raspada, mas ainda sorrindo;
São crianças;
Com um saco de cola na mão, cigarro na boca, descalços na chuva;
São crianças;
Assistindo o vidro subindo, na gravidez precoce, com os olhos úmidos;
São crianças, apenas crianças...