Caminhos em homens calados

Eu estava por aí, não sabia se queria, se devia, se fazia, se amava, se chorava, se pedia, se implorava, se eu gostava do que já passou

Eu estava por aí, já sabia que jogava, que a bola que rolava, que a trave que impedia, e o gol que eu fazia, tudo que eu queria era uma vitória do meu time

Eu estava por aí, e o sol iluminava, na manhã que se acabava, no recado que chegou, no poeta que calou, no sentido da minha vida

Eu estava por aí, não sabia e dizia, reclamava e acomodava, rebeldia e apatia, mente sã de safadez, corpo quieto no abrigo

Eu estava por aí, batendo a cabeça em postes, bebendo poça de bueiro, matando a fome e o desespero

Eu estava por aí, vi coisa que não queria, vi coisa que eu queria, joguei cartas com cegos, manchei doutrinas com meu catarro

Eu estava por aí, estava rodando ruas, vidas, estava roendo unhas; agora eu não estou mais

Eu estava por aí, agora estou aqui, antes estava lá, agora acolá, vivendo e não sobrevivendo

O que me resta é não estar perdido

Abrir caminhos em homens calados

Estradas que devem questionar