Minha vida de volta

Tempo, dono, fio, cara e acaso, perco o que não tenho, sou dono do tempo que não controlo, não acelero onde piso fundo e não travo onde seguro firme, vivo no fio, na navalha, no peso e contra peso do eu mesmo decido, não sou mais, mais sou o não que sobrepõe meu próprio sim. Minha cara estampa meu amor, meu acaso esconde todas minhas intenções. Perder o que não se tem, dói, viver o que se tem, pior, uma coisa pela outra e o troco é minha precoce tristeza que chega sem aviso antes da felicidade que vai se embora sem deixar recado. É certo que a vida, dona de suas belezas, não espera tanto quanto eu acho que deveria, é certo que mude o que tem que mudar, e vá por ai, ao seu rumo, ao seu jeito, deriva com destino, reto em linhas espirais, indo, sumindo, se distanciando, ficando eu, no meu plano, plano e sem curvas ou desvios, sem relevos ou nada mais, um vazio que fica onde nada mais caberia alem dele mesmo. A vida não esperou meus passos, por achar que andei lento demais, cada passo, era uma corrida ganha, na qual, eu mesmo me inscrevi, e a medalha, era saber que no final, seja qual fosse a distancia ou tempo, teria ali, minha vida de volta.