AMOR NÃO MORRE

Namoro. As delicadezas, os beijos e abraços. Olhares apaixonados e arrasadores se cruzam indicando amor e desejo. Cheiro masculino e feminino se misturam e se transformam em horas de sexo e magia. Saudade quando se está longe, lágrimas de alegria quando se encontra. Ternura no olhar, afago quando se acaricam, respeito quando se divergem de opinião. Compromissos familiares? Tudo tem sentido, por amor. Os momentos, horas e dias vividos. A alegria de viver em um lar.

Aos poucos, nossos afazeres, problemas e pessoas com as quais temos contato meramente social. A substituição do nosso ente querido pelos colegas de trabalho e até por gente que pouco conhecemos. As vezes até uma aventura futil. E a vida vai seguindo sem cor, se esvaziando, e aos trancos a depressão invade nosso ser. E o amor, por sua vez sofre, e aos poucos vai desaparecendo, a ponto de quase morrer.

Mas o universo é pleno e infalível, e quando a realidade se nos faz presente, aí vem o arrependimento, a saudade, a vontade de viver novamente aquele amor...

Talvez seja tarde demais...

Uma dor cai pesada sobre nós. A tristeza arrebenta a alma. A dor não tem limite e atinge o coração, que enfraquecido não trabalha mais o sangue do amor...

Talvez seja tarde demais...

E se é tão essencial o amor, por que o esquecemos? Por que permitimos que ele seja sufocado? Por qual motivo ele desapareceu, ou, foi subestimado ao extremo, até fazer de nós uma presa do sexo fácil, da ganancia do ter e do poder? Porque o amor verdadeiro não se manifesta mais em nossa vida?

Não conseguimos mais priorizar a vida. Nem sempre sabemos cuidar das pessoas que mais amamos. Deixamos os problemas pessoais diários tomarem conta do nosso ser. Os problemas financeiros, o trabalho que exige muito, os amigos, os compromissos sociais. Nosso ponto de vista, inabalável e imutável.

Tratamos mal àqueles a quem mais devemos gratidão. Nosso parceiro que deveria ser eterno neste mundo. Filhos, irmãos, pais, que deveriam ser prioridade, são focados em último plano. Para eles não temos tempo. Para eles dedicamos os últimos minutos de cada dia, já quase dormindo, cansados.

Permitimos que o abismo aconteça em nossa vida. A falta de diálogo, que como um câncer, começa devagarzinho, vai se instalando e se torna incontrolável. Não temos mais jeito de dizer a pessoa amada que a amamos, não temos mais jeito para pedir perdão, ou perdoar. Vamos nos afastando aos poucos, e, de repente quando nos damos conta dos fatos, a vida se foi.

O tempo passou, nosso sentimento de amor nada mais vale, nossos pares cansados e desgostosos se foram. Nossos filhos estão se tornando adultos e terão vida própria, nossos irmãos têm suas vidas, nossos pais, pouco podem fazer por nós. E percebemos então que desperdiçamos o tempo que estivemos ao lado daquela pessoa especial, daquele filho divertido, daquela mãe dedicada, daquele pai amoroso, daquele companheiro que nos afagava e que alimentava nossa alma.

Não! O amor não morre. O amor brotado do coração, por si só jamais morrerá. Nós que o deixamos murchar, esvairir-se. Nosso desleixo, nosso ego, nosso orgulho, nossa intocabilidade que o impede de viver. Mesmo que acreditemos que ele esteja morto e enterrado, que desapareceu, ele apenas aguarda um momento propício que o deixe reviver. Basta regar nossa vida com afeição e carinho. Como planta ressequida, ele se embebeda da pureza de coração e se renasce.

Não é preciso esperar o dia e a hora certa para viver a vida. Como minúsculas criaturas do Pai, nosso corpo físico é constituído de pequenas células e nossa vida de pequenos momentos. Num piscar de olho alguém decide sair de nossa vida. Um acidente. Uma invalidez. Um adeus para nunca mais voltar.

Experimente! Pense nas pessoas queridas, no seu par, lembre-se dos momentos vividos. Abrace, afague, sorria junto. E se alguém está distante, não hesite, atualmente há tantos recursos. Tome o telefone, ou o computador, ou o que tiver mais acessível e diga àquela pessoa especial que a ama!

E, se de repente seu coração se acelerar, se seus olhos ficarem úmidos e uma indescritível sensação de felicidade tomar conta de você, e, se seus problemas se tornarem mais amenos, não tenha dúvida, são os efeitos contagiantes, consequentes dos pequenos momentos vividos com amor.