O quarto de meu inteiro

Vontade de mudar. De voltar, ter de volta meu céu cheio de estrelas, que rabisquei a caneta bic no papel de pão e deixei pendurado na parede do quarto. Do quarto do inteiro que continuou a andar faltante e incompleto, com suas três partes, corpo, vontade, frieza e claro, sem alma. Vontade de voltar, mas sem saber para onde, apenas o gosto doce e a vaga lembrança que fazia o sentido da vida até aqui, tudo mais, apenas desvios do tempo que passava entre minhas mãos. Sigo até aqui, e fica tudo tão claro quando percebo diariamente que sou um inteiro incompleto, quebrado em quatro, de quatro, deixado de joelhos, rastejante, covarde perdedor de quartos, ainda com meus três, e no que deixei meu céu, não sei se ainda vou encontrar o caminho para retornar, que os quartos se atraiam, que areia desta ampulheta maldita estanque no vácuo do frio que cultivei para suportar tamanha dor, distancia e falta absoluta do que amar, sentir, contar, sem dedos para isso, minhas palavras secaram fazendo outono do meu paladar, mas embaixo da língua, ainda carrego sua primavera, aguardo meu quarto, minhas estrelas, meu papel, a caneta, ainda esta em meu bolso.