O espelho

Estranho como, muitas das vezes, estamos diante de espelhos e nem notamos isso. Cada qual com seu espelho, refletindo uma busca, uma fantasia, um desejo.

Interessante notar a variedade desses espelhos. A imagem refletida e que muitas vezes nos enobrece ou desvia nosso olhar, a superposição de imagens de nosso desejo em outras pessoas, a nossa autocrítica, a simples auto-análise de um objeto, quantos são os espelhos que criamos.

Mas muitas das vezes acabamos prendendo nesse universo de espelhos a própria luz que incide sobre essas imagens a serem refletidas. Nos esquecemos de analisar, simplesmente, o que há dentro de nós mesmos.

Tudo se torna difuso, complicado de se entender, de se interpretar, simplesmente porque é fácil analisar uma imagem pela formalidade dos olhos, mas muito complicado analisar uma saudade.

O interior não se aprisiona, não se transpõe em simples figuras. Apenas se sente. E nesse sentir, ele se liberta. E nesse libertar, ele se transmite.

E são esses raios de sua transmissão que fazem com que a verdadeira imagem seja vista. A imagem através dos olhos. A verdadeira essência.

Tente olhar para o espelho e, em seguida, fechar seus olhos. Apenas imagien o que verdadeiramente está se refletindo. Talvez consiga voar. Talvez consiga chorar. Talvez, simplesmente, consiga ser você mesmo.

Out of the blue
Enviado por Out of the blue em 21/05/2006
Reeditado em 21/05/2006
Código do texto: T160087