Dos desejos psiquiátricos.

Quisera eu ter a sanidade dos que dizem ser normal para compreender o que sentem por mim.

Quisera eu ter a condição de profissional são para propagar um ufanismo, ou pelo menos compreender o mesmo.

Pudera esses profissionais passar pelo clivo da doença mental, nada de esquizofrenia ou dependência química, para compreender a dimensão a verdadeira escravidão a mental.

Pudera eles entender o que é pedir ajuda e os outros virem com discursos prontos de auto ajuda, ou definições técnico-literárias.

Pudera entender que ressocializar não é só estar em meio social, que desmanicomizar não é estar fora de hospital psiquiátrico.

Que Deus ou alguma força pensante ou energética da natureza possa sim conscientizar, pois a nossa vã filosofia é interpretada como devaneios alucinadores delirantes.

Que nossa capacidade de autonomia seja interpretada mais do que uma expressão emocional e passe a ser entendida como real capacidade.

Que os mistérios da mente continuem obscuros, pois o pouco que se revela torna muitas pessoas acometidas por transtornos mentais em pessoas fúteis, preguiçosas que só querem chamar atenção, ou pior perigosas e marginalizadas.

Que as políticas sejam realmente por direitos de pessoas acometidas por todo e qualquer transtorno mental, e não apenas a profissionais que querem mais e mais reconhecimento.

Que os tratamentos aconteçam realmente, não seja cronificadores, e tão pouco marco de exclusão.

Que a luta comece não por mudanças de paradigmas, mas de consciência, de ética, de moral.

Lilian Gonçalves
Enviado por Lilian Gonçalves em 18/05/2009
Código do texto: T1601070
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