Mais um pensamento de amor

Ouvia anos dourados, a voz de quarteto em cy junto ao MPB-4, pensei ouvir um eu te amo, que vinha de tão funda lembrança que parecia ecoar dos meus mais profundos desejos. Os olhos molhados de quem ainda acredita no sentimento, algumas palavras duras que meramente faziam seu papel de defesa de um coração tão maleável e dócil. Como o tempo percorre nossos sonhos e desejos, como seria bom saber do mau e do errado, ser certo no tempo certo, estar correto enquanto o errado ainda é errado, e por ai vai. Carregar um amor não correspondido não é fardo para qualquer um, afinal, o amor é eterno e nossa vida, bem, esta é tão curta quanto qualquer ampulheta pode medir com seus grãos impacientes a escorrer a favor da gravidade. Minhas lagrimas e sonhos escorrem a favor da ampulheta, as vezes acredito que tudo ainda muda, as vezes sento e observo a vida, faço analise curta, longa, média de toda a minha vida, disse ainda hoje que o acaso ocasionava e que o querer permitia a continuidade da ocasião, acredito que seja verdade, vejo o amor ali, distante de mim, longe e distante, sorrindo, esplendoroso, mas ainda, distante. Entre tantas e tantos, poderia não me encantar simplesmente, ver o corriqueiro, o simples do dia a dia, as palavras soltas que normalmente não formam frase alguma, mas percebi algo que chamou a atenção de minha alma, seria seu refugio? Não sei, afinal, nunca me refugiei ao amor permanentemente. Admito, sou um romântico incorrigível, como tantos já foram, faço parte do clube, e busco sim o amor, não me envergonho de dizer, boêmio que sou de sangue e de fato, me perverti ao sonhos da noite e do mundo, mas mantive as palavras dos anos dourados em lábios que almejavam o doce do amor, do toque interminável e infinito do prazer de estar colado e junto, só, simples e corriqueiro novamente, o que antes não chamaria atenção por ser tão ínfimo aos olhos mais despercebidos, agora era o ouro de quem almejava somente isso. Acredito sim nas possibilidades, ao som da bossa, do bolero, embalado pelo velho rock, olho na estante as fotografias que ainda vou tirar, felizes e empolgadas, nas confissões de amor a serem feitas, do sexo perfeito e repetidamente interminável e inacabável, sem fim, sem melhor, sem pior, perfeito e só, penso longe, sou longe, afinal aprendi com a distancia plantada no nascer ao morrer, entre isso, fico aqui pensando, imaginando, como poderia ser então, vou caminhando em sua direção, devagar, paciente, como sempre fui, em busca de algo que sei bem o que é, deixo estar, por hora, quebro a ampulheta e vou a seu encontro, se o tempo for permissível, sentirei então o bom do amor, sem termino, como Vinicius dizia e já citado outrora, infinito enquanto dure, já me basta, deitar ao lado do cheiro do amor, e acordar com o gosto do querer infinito ao cheiro das flores, deixando a imaginação de lado, e abraçando então o amor querido, o toque das mãos entrelaçadas ao destino distinto que não revela seu amanhã, por hora, seria só, os passos confiantes ao para sempre, seguiriam então juntos.