MIMETISMO

Quando me lembro das marcas que cravaram minha vida

e serviram como base na construção da minha identidade,

fico a perambular constantemente no tempo...

Busco absorver meu passado e visualizar no meu presente

o período mais intenso, cada segundo, cada instante,

cada recordação, cada sim, porquês, e não...

À medida que o tempo passa revivo ocasiões específicas

da minha vida. No mundo onde o tempo passa cada vez

mais rápido, momentos únicos estão cada vez mais escassos,

fazendo com que o passado esteja sempre presente,

que o desejo de voltar a ser feliz sem as intempéries do dia a dia

aflorem a cada angústia, a cada inquietação e decepção.

A vida parece injusta, por mais que a viva intensamente

sempre fica a sensação de senti-la escapar por entre os dias terminados,

ficando apenas a saudade: do primeiro amor, a primeira queda de bicicleta,

a primeira flor deixada na mesa da professora.

Das brincadeiras que pareciam não ter fim,

da amizade com inicio e sem fim,

das loucuras pelas ruas da cidade,

da magia, da mentira e da verdade.

Quero viver a minha vida,

segui-la sem ficar preso ao passado, impregnado.

Tenho que aprender a viver o meu tempo,

o hoje, mesmo que pareça que foi ontem.

Mas o tempo, jogado ao vento,

se espalha sem saber que direção seguir,

onde vai formar a próxima duna,

onde vai repousar e esperar a próxima corrente de ar,

onde o novo é inconstante

e o futuro se constrói diferente de antes, a cada instante.

Manoel Alfredo de Jesus Junior
Enviado por Manoel Alfredo de Jesus Junior em 14/09/2009
Reeditado em 14/08/2014
Código do texto: T1809940
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.