Meu automóvel
Entrei no meu veículo de mais de quarenta lugares. Que lugar diferente tem se tornado este. Cheio de pessoas peculiares. Cheio de gente que pensa que este veículo também é seu. Eu divido o meu espaço com cada um deles por camaradagem. Mas eles acham que eles é que estão me cedendo um lugar. Quantos entram no meu carrão. Entrei e ele já estava lotado antes mesmo de eu chegar. Como pode uma coisa destas acontecer? Eu o dono do automóvel e os meus convidados já estavam lá antes de mim tomando conta de todos os meus lugares. Uma mulher colocou até mesmo a sua bolsa em um banco vago. Quando questionei sobre a vaga que deveria ser minha, ela me informou que estava guardando o lugar. A única coisa intrigante era que ela nem sabia ao menos dizer para quem ela estava guardando o lugar. Eu então me pus a observar por meu veiculo tentando descobrir o intruso que deveria ocupar o lugar que era meu. Ao observar vi que coisas para mim absurdas. Crianças que ocupavam os lugares dos adultos como se estes estivessem mais cansados do que os tais. Lugares que deveriam estar sendo ocupados por meus convidados idosos e mães com bebes de colo. Eu observei que outra coisa estava errada: meu motorista só parava aonde lhe era conveniente. Cansava de deixar meus convidados no meio do caminho, principalmente os mais idosos e os portadores de necessidades especiais. Estes meus convidados que deveriam ser considerados os mais importantes. Mas estes eram deixados pra trás. Isto é uma completa inversão de valores. Os menores são humilhados ao invés de serem exaltados. Os mais honrados são os desconsiderados. Precisamos rever conceitos. Precisamos reavaliar. Reverter o processo e perseguir o objetivo de valorizar.