Orquídea e Abismo...

Ei, você que agora passa seus olhos por estas palavras, entenda: preciso da sua atenção.

É momento de defender-me, ainda que uma vontade enorme de ser condenado me consuma, mesmo agora. Faz-se necessário que eu diga que sou inocente das culpas que me atribuem, mas sou culpado de todas as outras que carrego.

Sim!! Não tenha dúvidas; é mesmo para você que escrevo estas linhas.

Ora, um abismo se forma de um extremo ao outro e não há mais passos possíveis de serem dados. Ou se recua, ou se cai no precipício, ou se tem fé o bastante para que "os montes se removam". E de aqui, da banda do abismo que fico, só posso gritar...sabendo que minha resposta será o eco da minha própria voz.

Há uma espessa nuvem que já me cobre o seu rosto, o seu resto...e nem sei se ainda estás ali. Talvez no momento em que lerdes estas linhas, que deixo sobre o chão rabiscadas, nem mesmo eu esteja ainda; mas saiba querida, meu desejo sempre foi estar.

Estou sem ar, atarantado e confuso em minhas próprias limitações. Não vejo mágicas, não vejo milagres, não vislumbro soluções. Diga-me daí se conheces alguma!! Mostre que ainda vives, faça ao menos sinal de fumaça.

A banda do abismo que fico se chama Emerências, a sua é Morro do Marisco.

Nas Emerências ainda há uma reserva de Orquídeas raras, onde é o seu lugar...sempre que possível vou até lá, onde há ar puro, de onde pode se avistar o mar, onde brancas e roxas, tão lindas Orquídeas podem se encontrar.

Marcos Sodré
Enviado por Marcos Sodré em 27/12/2009
Reeditado em 29/01/2014
Código do texto: T1998250
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