ANGRA - Enseada da morte : Monólogo

Carpe Diem...Carpe diem...Carpe Diem...
Meus olhos banhados de lama e minha mente confusa de nada lembrava, apenas de tentar viver, Carpe Diem...Só por hoje, por agora clamava minha alma que ansiava aproveitar aquela oportunidade me dada pelos céus.
Aos poucos entre o silencio...Chuá...Chuá...Chuá... O mar entoava sua canção na noite escura...Mas onde estão as estrelas? E que mão é essa que seguro, gélida, sem vida...
A misturar-se a lama dos meus olhos, lágrimas ao encostar em meu rosto a mão gélida, com inconfundíveis dedos que horas antes acariciavam meu rosto em frente ao mar...
Ontem...Ainda ontem, meu deus, aquelas pedras na praia...Eu ví e não percebi o óbvio, não olhei, o que hoje repousa sobre parte de mim, lama e pedras que ontem me falavam de um mundo arrasado que a alegria da festa não me deixou ver...
Oh! Deus que vazio é este que resplandesce acima de mim, onde está  o verde magistral, o belo cantar dos pássaros, a neblina a esconder mistérios...
O lilás da gélida mão é a primeira visão nos primeiros raios de sol, e rente a terra, mais além o mar, o mar marrom.
Atrás de mim, dos lados e acima o cataclisma, pontilhado de amigos...Todos mortos.
Aos poucos sinto em minha boca a misturar-se com o barro, o champanhe, sim, na despedida de todos houve champanhe, abraços, o beijo da minha amada, e uma canção, tão diferente do hino funebre que entoa o mar...Chuá...Chuá...Chua...
Acho tão imprevistas estas partidas, tão cheias de dor...
Gostaria de não estar sozinho, meu deus, a percorrer com meu miserável olhar, o que Angra, a Deusa do fogo, nos trouxe no breu da madrugada, vingando, os Deuses enfurecidos pela anterior devastação que ajudei a fazer...
Viver o hoje, com sabedoria, e pouca importância dar ao amanhã, se a consciência evidentemente estiver tranquila. Penso enquanto rezo e vivo para dar testemunho da força da natureza.

Obs: Obra de ficção.
xxeasxx

Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 06/01/2010
Reeditado em 28/07/2010
Código do texto: T2014245
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