como somos egoístas!

Certo dia estava num ônibus e sentei-me ao lado de um sujeito, que aparentava ter seus 43 anos. Suas vestes deixavam transparecer que se tratava de uma pessoa muito humilde. Começou a puxar assunto comigo, indagando-me sobre o meu trabalho. Na ocasião, estava com a minha mochilinha surrada, que o fez pensar que eu era algum “pião”. Iniciou-se assim uma ladainha interminável e, como estava cansado, sem ânimo para conversas, achei-o impertinente. Contudo, fiz um esforço para lhe dar atenção. O pobre homem contava sobre sua vida inteira. Queixava-se do cotidiano na cidade grande e revelava seu desejo de voltar para a terra natal, Tatuí, interior de São Paulo. Eu quase não falava, apenas escutava. À medida que ele relembrava seus tempos de infância, suas aventuras e traquinagens, pude notar que seus olhos brilhavam. Aquela indiferença com que eu estava, até então, transformou-se em comoção. Depois, quando desci do ônibus, passei a refletir no que acabava de se passar. Como, às vezes, somos tão egoístas! – pensei. Pessoas necessitando de atenção, querendo desabafar, e simplesmente as ignoramos. Preferimos ficar presos no nosso mundinho.

Bruno Martins
Enviado por Bruno Martins em 24/04/2010
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