Relatos: A um passo de morrer.

How can one breathe, knowing that within seconds the pain will be strong block of his own soul?

A um passo de morrer.

A voz que ecoava até a mim era pura e clara. Aquela voz que você já está acostumada em ouvir por anos e anos, a mesma doçura própria que só aquela voz tem. A voz que lhe deixa firme para suportar todos os grandes problemas. Você entregaria a vida àquela voz. A voz de uma criança, de seu próprio filho.

Com tanta violência e destruição, eu sabia que não conseguiria.

A voz de anjo, soada em mil gritos agudos e roucos era mais torturante do que à própria dor física em si. A dor física poderia evitar de ser sentida se eu a ignorasse. Mas no meio da impureza, aquele sangue derramado, não consegui ignorar.

A voz era um gemido, como uma faca cortando o meu coração. No meio das veredas sombrias, eu não conseguia me levantar. Respirar era um processo doloroso. Eu ainda era apenas uma. Fraca.

Então cedi, começei a chorar. O mundo perdido na violência, eu ainda perdendo meu próprio filho. Não me importava de ir, mas queria que ele aguentasse toda a tragédia que marcaria seu passado.

Vê-lo incapacitado era mais sufocante do que a minha própria morte, que aconteceria em segundos.

Eu não respirava mais.

Como alguém pode respirar sabendo que um bloco de dor forte tomara conta da própria alma?

A dor era clara, eu podia vê-la. A voz agora não falava mais. E nem falaria.

Mas, não deixaria vestígios.

Jamais quis uma vingança.

Só deixei minha alma flutuar. Eu queria fugir daqueles seres tão ignorantes, tão egoístas.

E meus olhos foram se fechando em um movimento involuntário.

A morte não era nada.

A dor passaria.

Lívia Rodrigues Black
Enviado por Lívia Rodrigues Black em 15/06/2010
Código do texto: T2321147
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