Ontem éramos amigos

O que houve conosco? Ontem éramos amigos, éramos irmãos, éramos qualquer coisa que fosse alguma coisa. Por favor chega perto, tão perto que o espaço seja raro, tão perto que eu possa contar pontos dentro dos teus olhos, e achar que eles são diferentes de todos os olhos do mundo, chega perto e me abraça, me olha, me acalma, me diz mil coisas sem sentido, que nos façam rir juntos. Vai ser estranho, eu sei. Estaremos passando a linha. Por favor, não se afaste, com sorrisos sem graça e desculpas velhas. Qualquer mudança parece tarde. Qualquer mudança se converte em quilômetros. Qualquer mudança é um abraço mais fraco, uma conversa formal, um sorriso meio falso e mil textos vazios. São 1h da manhã, eu penso em você todos os dias antes de dormir, talvez há uns 4 anos, e penso em você quando chego no colégio, eu lembro das manias idiotas e seus defeitos iluminam. Não sei aonde você está. Ou com quem está. Ou o que está pensando. Não sei mais o que você odeia ou o que gosta, não sei dos seus planos ou dos seus amores. Nunca mais ouvi sua voz. Nunca mais te vi. Não bagunço seu cabelo ou estrago qualquer coisa. Você cortou o cabelo, aliás, foi o que me contaram. Toda vez que me contam alguma coisa, eu me sinto mais pequena, me sinto por fora, sinto que nós nunca existimos. Mas nós existimos. Dentro de mim. Dentro de você, talvez. Eu existo. Você lembra, não lembra? Fez mais de mil promessas, me olhava como um animal triste que precisa de abrigo, fazia parecer que eu era o seu abrigo, que se eu fosse com você, você seria o meu abrigo, mas eu não fui. Eu me arrependo, é claro. Mas às vezes eu me desarrependo. Que lindo, você viu? Criei um neologismo. Mas enfim, eu me desarrependo, porque tinha que ser desse jeito, você tinha que ir embora, eu tinha que te deixar, você tinha que me esquecer, foi o jeito que a vida me mostrou que sempre fomos dois fracos. É. Eu te dei a liberdade, e você fez o que sentiu. E se você sente minha falta é um fato irrelevante. Porque você está preso, atado aos seus próprios nós. Seu sorriso tem uma freqüência meio estranha, sua voz repete demais as mesmas deixas: você não se importa porque não faz questão de mostrar que se importa, ou você se importa demais e por isso não demonstra? Tá, foda-se. Não preciso saber, não quero ouvir. Eu me contento com seu silêncio, suas frases roubadas de músicas que nunca vão ser reais, me contento com esse textinho longo demais pra ser lido por alguém que nunca me olhou nos olhos e realmente me viu. Eu queria que alguém me amasse pelo o que eu sou, pelas manias idiotas, pelos segredos mais estranhos, pelas caretas múltiplas, pelas fotos mais loucas, pelos textos mais tristes ou mais errados, pelos poemas, pelas músicas, pelos óculos colecionáveis, pelos meus vícios, que me amasse pelo simples fato de eu respirar, me amasse sem que eu precisasse dizer que o amava, que me amasse pelo simples fato de eu sorrir, às vezes, rindo tão alto a ponto de minha barriga doer, queria que alguém apreciasse o som do meu sorriso, que ficasse louco por me ver chorar, que tentasse me proteger do mundo e ao mesmo tempo abrir meus olhos. Queria que você fosse esse cara ):

brenda
Enviado por brenda em 09/08/2010
Código do texto: T2426908
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