Relativamente Falando

Já não tenho escutado mais músicas românticas, apenas algumas declarações de amor barato, nada convincentes. As flores já não tem mais o mesmo cheiro de outrora e já não são dadas com sinceridade. Agora, os presentes são tabelados e datados, e não se agradecem mais com um sorriso e um abraço sincero, são obrigações em datas determinadas, momentos certos de dizer eu te amo.

Sempre achei muito idiotas palavras como amor, paixão. Mas agora sinto falta da sua pronuncia espontânea, por mais ridícula e banal que sejam. Quando as pessoas vão perdendo o seu valor, mesmo que o significado de valor seja um problema filosófico complexo. É de certo que existe um valor em cada pessoa, e as cosias valem por si só. Mas quando pessoas já não valem mais, aos olhos do vulgar, e considerando que o vulgar é a regra, quase democrático, isso me assusta. Quando o mito é mais amado do que o sorrido puro de uma criança, parece que a razão perde seu lugar.

O mito, era para ser contado por estórias e passados de gerações por gerações, sendo bem claro aos pequenos. É só um mito!

O real, mesmo que complexo e tão filosófico como o termo valor, deveria ser buscado perenemente. E dito: pequenos, isto é real! Toque em meu rosto e sinta a minha pele, não te parece obvio a diferença entre o real e o mito?

Quando amar termina por ser mais um jogo de palavras, presenteado em datas certas, já não se pode esperar muito do que vem adiante.

E agora, sempre tem um pseu-do-intelectual dizendo, tudo isso é relativo. De certo, relativamente falando, é perigoso que o amor, a paixão, as pessoas sem ou com valores, sejam consideradas relativas. Os assassinos cruéis, religiosos mercenários, políticos corruptos, e outros sanguessugas, agradessem pela relatividade de vosso pensamento, relativamente falando.