Brasil: um olhar sobre fatos

Observo meu país, vejo as notícias, há tempos que o acompanho de perto. Vi a ascensão do Partido dos Trabalhadores cantada como solução, mas o que vejo, hoje, é um cenário político dissolvido, com alianças específicas, interesses nítidos de governância, e as pessoas nem aí pro caso. Quem é oposição? Lula e seus amigos governam sem problemas, o que eles têm são adversários representativos, mas o esquema hoje é tão denso, vide Dilma e Petrobras, que pouco se pode ver de embate, de fato. PMDB detém muita força política, é a direita sólida e resistente, com suas figuras fortes e emblemáticas, sentados à direita do todo poderoso, o Luis Inácio.

Onde é que vejo tudo isso? Na Rede Globo. Esta é a emissora que detém o respeito e, consequentemente, o direito de verdade. Tanto é que, nos outros casos, nos demais canais, ao menos de uma maneira geral, os jornais que tem alguma concorrência são aqueles bem humorados, com apresentadores piadistas e um formato atual, trash. Eu vi o Lula ser eleito pela televisão, com uma nova cara, o apoio total da emissora, um discurso de vencedor, uma postura que lembra a de Dilma Rousseff. O culto à personalidade, as fotos, a relação que estabelecem com a mídia, os espetáculos.

Por essa e outras emissoras, que não podem fazer um jogo tão diverso, chegam às nossas casas os modelos de conduta ensinados nas novelas, propagandeados pelas estrelas, e agora, exigidos pelo Estado. A Lei da Palmada, que pode vir à tona, estabelece proibição a punições corretivas envolvendo agressão física. Entenda-se até por palmadas.

Meu país, não o vejo cheio de pessoas capazes de mudar seus rumos. Ao contrário, o que mais ouço é que as coisas são como são, e ninguém pode fazer nada, que o melhor é seguir. A participação é maciça, mas eles, de fato, nada mudam. O que mudamos, que na verdade, não foi apenas exigido de nós? Que grande revolução política nasceu do coração do povo? E não me venha com exemplos batidos e tão falsos quanto a propaganda do carro que passa pela turma de jovens pintados.

Vejo as ações governamentais serem alardeadas na imprensa, criando um terror social à respeito do tráfico de drogas, as favelas. Vejo um filme que polariza usuário e traficante, colocando acima deles o capitão de um esquadrão de extermínio como herói, e que populariza a ideia do justiceiro, um homem que ocupa patamar mais elevado na relação social.

Brasil, mais um país totalitarista. E que venham os que dizem, "totalitarista, ah, que absurdo!", pois são os tipos ocupados demais pensando no que é oxigênio enquanto respiram sem parar.

Avati
Enviado por Avati em 14/09/2010
Reeditado em 14/09/2010
Código do texto: T2496617
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