Visitando alguns recantistas, hoje, percebi em muitos textos a preocupação com os valores que estão se diluindo diariamente.
Sou uma pessoa abençoada, pois vim de uma família pobre, pais sem muita cultura, mas que nos transmitiram valores morais que alicerçam nossas vidas.
Há dias pesquisando no meu blog uma postagem antiga reli o acróstico que papai escreveu para mamãe, quando ela por ciúmes desmanchou o namoro.
Acredito que foi depois dessa declaração de amor que reataram o namoro.
O casamento deles durou 39 anos separando-se com o falecimento de papai em 1975.
Compartilho com vocês.




Acróstico
Para Maria Helena
Mesmo desprezado, embora assim, te quero
Ainda que odiado, (pois ódio me juraste) *
Recordo sempre aquele amor sincero
Imaculado amor! Que tu esfacelaste
A troco de caprichos – o teu prazer severo
Horas ditosas! Aquelas que a teu lado
Ébrio de amor eu nem passar sentia,
Longe vão elas, sem mais terem voltado;
Embora, eu, a Deus de noite e dia,
Numa capela implore ajoelhado
Aquelas horas que eu nem passar sentia.
João de Jesus / 11 de abril de 1933
 
*Acredito que o termo ódio foi usado para dar ênfase a sua composição, pois minha mãe não usava essa palavra e nos recriminava quando alguém se referia dessa forma.
 
** Papai só estudou até o 3º ano primário, mas gostava muito de ler e sua cultura geral suplantava a falta do estudo regular.