BELEZA E VERDADE

Beleza e verdade
 
Chove no horizonte. Dia cinzento, parecendo nos querer mostrar que a beleza possui múltiplas facetas. É belo um dia de sol, é bela também uma tarde de chuva, como também é bela uma noite de lua cheia. Existirão momentos em que um dia de sol, uma tarde de chuva ou uma noite de luar podem parecer feias, depende de cada um, e depende também do momento de cada um.
 
A beleza, como um valor, difere em cada um, difere algumas vezes, na mesma pessoa em diferentes momentos. O belo não é necessariamente o verdadeiro, ou em outras palavras o verdadeiro não é por definição, belo, nem justo, muito menos ético ou humano.
 
O belo está para uma opção e para conceitos e preconceitos, enquanto o verdadeiro está para uma constatação. A verdade simplesmente é, e ponto. A verdade não depende de crença ou aceitação, não depende de concordância ou de consentimento, às vezes necessita de interpretação, mas a verdade continuará sempre sendo, em essência, verdade. Não existe assim verdade com V maiúsculo, nem verdade parcial. Verdade é verdade, reflete um fato, uma prova, ou uma evidência.
 
Aproveito para concordar com os céticos, que já percebo se arvorando quanto a incapacidade de percebemos em sua totalidade qualquer evento ou evidência: Sempre existirão meandros no submundo de qualquer fato, evento, ou evidência, que não conheceremos em totalidade. Sim, eu entendo e concordo,por isso eu evito o termo verdades científicas, e sim, me parecendo muito mais coerente, prefiro conhecimentos científicos.
 
Agora, independente de nos ser impossível perceber em toda profundidade qualquer coisa que seja, a verdade factual existe, mesmo que eu não saiba com certeza absoluta tudo o que seja possível saber a respeito de alguma coisa. É realmente uma impossibilidade humana e tecnológica, que perdurará para todo o sempre. Devemos aceitar que a verdade absoluta não nos é factível, mas a verdade relativa, aquela que a cada passo científico, por provas e refutações, nos estará um pouco mais perto, é inevitável.
 
Independente da incerta certeza dos céticos, a verdade entre: “O sol gira em torno da terra”, ou, “a terra gira ao redor do sol”, é factualmente respondida: É a terra quem gira em torno do sol, mesmo que eu não saiba a verdade total por trás da física envolvida. O sol realmente distorcerá o espaço/tempo criando assim o menor caminho para o movimento da terra, aquele em que esta circula o sol, ou, simplesmente existirão os grávitons e estes nos conservam atraídos pelo sol? Posso não conhecer a verdade em sua essência total, mas em diversos casos, alcançamos um nível de proximidade com a verdade ao nosso alcance, que duvidar dela parece impossível.
 
“Se eu colocar a mão sobre uma chama de fogão, queimo a mão”, ou, “se eu colocar a mão sobre a chama do mesmo fogão, não queimarei a mão”? Mesmo o mais sincero dos céticos não titubeará nesta resposta, e, por conseguinte, nenhum cético colocará a sua mão nesta chama para provar seu ceticismo. Mesmo que não conheçamos em verdade total todos os fatos, o conhecimento científico atingiu estados em que duvidar de algum deles beira o fanatismo ou a loucura.
 
Newton não tinha a menor idéia da física envolvida, mas modelou a gravidade. Seu modelo jamais ousou responder o que era a gravidade, mas ninguém pode hoje duvidar dela. A NASA viajou até a LUA utilizando apenas as leis da gravitação universal. Até hoje, as viagens dos ônibus espaciais usam Newton. Einstein não destruiu as “leis” de Newton, ele apenas as aprimorou, e ousou apresentar uma física imanente, a da distorção do espaço tempo. Mas Einstein pode estar errado, e o veículo da gravidade pode ser o gráviton, porém jamais poderemos botar em dúvida a gravidade em si, e os resultados das equações da relatividade, que aprimoraram em muito a precisão de Newton.
 
Assim não podemos atrelar beleza com verdade. É lógico que muitas verdades são belas, mas outras tantas são feias, e outras até parecem injustas segundo nossa visão humana, mas a verdade não existe por nossa causa, nós é que pudemos existir, posto que a imanência da verdade se fez ativa.


Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 24/09/2010
Código do texto: T2518045
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