Ela se foi. Estava há 15 dias em coma e com pouquíssimas chances de sobreviver.
Tinha 87 anos, viveu uma vida plena dedicada às filhas, aos netos e em especial ao neto mais novo que viveu com ela até se casar.
Foi minha amiga desde sempre. Na minha infância, saia comigo e com a Mara, sua sobrinha, para passearmos no dia de S.Cosme e S.Damião, época em que doces eram distribuídos às crianças.
Foi avó emprestada do Hector e da Hellen, vizinha acolhedora dos que viviam ao seu redor.
A mim sempre mimou. Na minha adolescência, foi minha costureira: era capaz de fazer um vestido de um dia ao outro para eu ir a uma festinha.
Foi companheira da minha mãe quando ficou viúva.
Foi companheira da minha mãe quando estava doente e não podia ficar sozinha.
Em 1993, fui a Portugal e ela e minha mãe preparavam uma surpresa para minha volta. Quando cheguei, haviam confeccionado um vestido novo para uma boneca que ganhei aos 10 anos quando passei para o antigo ginásio.
Sei que era seu xodó.
Costumo aos sábados tirar o dia para “correr coxia” como dizia minha avó. Visito irmã, afilhado, cunhada, comadres, afilhadas, pois moram todos perto. E sempre passava pela sua casa. Levava uma lavanda, um talco, sempre algo que sabia que ela gostava.
Todas as vezes ela acariciava meus braços, me beijava, às vezes chorava e, embora ultimamente não lembrasse muito dos fatos, nunca esquecia de me perguntar: “Como está o Léo?”; “E a Anninha, está bem?!
Agradeço a oportunidade de ter convivido com um ser especial, referência na minha infância, adolescência e maturidade.
Hoje, agradeci todo o carinho de uma vida e ao despedir-me ao lado da minha prima,  ouvi: “Ela te amava muito”.
Registro nessa singela homenagem a essa pessoinha pequena, frágil, mas de um carinho imensurável. Minha saudade, minha gratidão e meu carinho por você.
Descanse em paz, minha doce Tia Lydia.
27 de Setembro de 2010