Minha terra morena

Minha terra morena

Cidade sorriso

Criada no meio do nada

Numa floresta imensa e sem fronteiras

Densos “cabelos” escuros compridos

Que possui cheiro de mato

Pés descalços fincados na areia barrenta

Que seduz os ribeirinhos

E todos àqueles que possuem a satisfação de conhecê-la a fundo

Com seus rios e lagos sinuosos

Com suas espécies nativas expostas para o mundo ver

Que terra linda de se viver

Terra morena dos “curumins” e das “cunhantãs”

Das iaras e dos botos encantados

Dos “perdidos” no mato

Pela caça feita sem pensar

Dos seres da floresta que a protegem contra o desmatamento e a destruição

Terra morena das onças pintadas

Das piranhas e jacarés vorazes

Das tartarugas e dos “mata-matáses” jurássicos

Dos trabalhadores da floresta

Dos canoeiros pescadores

Que sobrevivem do que pescam e caçam

Alimentando sua família

Apenas para sobreviver e viver

Terra morena das cachoeiras

Dos rios escuros e lamacentos

Tão límpidos e fecundos quanto um útero de mãe

Com suas variedades enormes de peixes

Que alimentam todos sem extinção

Cidade Morena de sorriso fácil

Que abraça teus filhos com carinho materno

Que acolhe e abriga

Satisfaz a doce lembrança

De quando criança viver feliz correndo pelas várzeas pulsantes

Quanta vida há nesta terra de Meu Deus

Deusa morena que encanta e apaixona

Com suas águas vindas da chuva

Tempestades quentes de verão

Teus invernos nunca mais serão os mesmos

Pois a cada dia o homem destrói a terra que lhe dá de comer e beber

Mata, dia após dia a esperança da doce lembrança que nunca mais irá acontecer

Com sua ganância desenfreada

Mata e maltrata a floresta verde e exuberante que um dia foi a Cidade Sorriso

Torna-se a cada dia, tão escassa

Pegando fogo todos os dias

Para virar pasto pra boi comer

No futuro, só lembraremos do que “se foi”

De uma terra morena vivaz

Que um dia nos deu de tudo e de graça

E acabamos com ela sem pensar nas conseqüências

Que a muito aparecem pra nos deixar a pensar

Meses de secas enormes

Que fazem do maior rio do mundo se tornar um córrego sem passagem

Os peixes a cada ano desaparecendo

Milhares de pessoas sofrendo

Cheias que batem recordes todos os anos

Deslizamentos de terras constantes

Mortes, tristezas, sofrimento, lágrimas, desesperos

Famílias inteiras morrendo de fome

Apenas pelas mazelas que o homem faz com a natureza

Aqui JAZ uma terra morena

Tão linda e perfeita pra morar

Agora virou terra de ninguém

Terra morena com dentes careados

Cabelos desgrenhados

Cheiro de lixo e putrefação

Cada dia mata-se esta terra morena

E ninguém faz nada para mudar esta situação

Manaus, 10.11.2010 às 10:36