Chuva, que lava
Chuva que cai do céu, tão grossa e tão fria
que enche os corações de muitos de alegria,
pois quem no sertão do nordeste não espera
por tamanha melodia
do tilintar da água, água que vem do céu
abençoar e molhar.
Molhar a terra rachada, seca seca
molhar o gado, tão magro e fraco.
Encher os rios, encher os tambores e reservas
pra hidratar os corpos já tão fracos e necessitados
de um pouco de água.
Chuva que cai e lava as ruas, levando tudo o que
há consigo, que castiga, que maltrata.
Tantas casas, tantas ruas, que por ela inundadas,
alagadas, são devastadas.
A mesma chuva que reconstrói, que recompõe é
também a chuva que destrói sonhos, moradias, vidas.
A chuva vem ...
A chuva não para...
E daqui da janela, fico vendo a chuva cair, imaginando
tudo o que vem a fazer. Tenho sede, preciso que a chuva
caia.
A chuva não para.