Ao longo da vida

Quando somos crianças, não nos preocupamos com nada. Bem, na verdade nos preocupamos em brincar o máximo possível até a noite chegar.

Quando víamos uma flor na calçada, esta era colhida e carregada por longas distâncias e, às vezes, era dada a alguém especial ou guardada dentro de um livro ou um caderno.

Deitávamos na grama, na calçada, em qualquer lugar, e imaginávamos os formatos das mais variadas nuvens ... como era gostoso ver uma nuvem em formato de coração, elefante, peixe e etc.

Nossa mente era ilimitada e nosso coração era aberto. Como exemplo disso posso citar um trabalho escolar que fiz, com o tema: “ Brasil, uma democracia etnoracial?”, em que um dos tópicos era conseguir imagens sobre as diferentes “raças humanas”. Me surpreendi ao ver que a maioria das imagens entre pessoas de “raças” diferentes eram duas crianças se abraçando, uma branca e outra negra. Fotos assim com adultos foi quase impossível de achar! O que nos mostra claramente que quando somos crianças não nos importamos com a cor do nosso amigo, mas ao crescermos, nos tornamos mesquinhos. Não a grande maioria, é claro.

Quando somos crianças, a única coisa que nos deixa frustrados é quando nos dizem que a hora de brincar acabou. Se estivermos andando de bicicleta, imploramos pela ultima volta; se estamos brincando de boneca, imploramos pelo último dia. Queríamos brincar eternamente!

Quando crescemos, vemos o outro com indiferença. A humanidade, à nossos olhos, se torna mesquinha e oportunista. E temos saudade, como temos saudade de quando éramos crianças e um simples beijo curava todos os ferimentos. Ao crescer, nos preocupamos com o trabalho, as contas a pagar, os negócios a resolver. E esquecemos como é bela a flor que está na calçada, como é bom sentir o vento penetrando em nossos cabelos quando andamos de bicicleta. As nuvens estão sempre ai... mas não temos mais a intenção de ver com o que elas se parecem.

As perturbações do trabalho são tantas que esquecemos nossos próprios filhos. Sabemos que o deixar pular na cama de vez em quando não fará com que ela se quebre. E deixá-lo dormir tarde em alguns finais de semana não será vital no seu desenvolvimento escolar e nem desregulará todo o seu relógio biológico!

Mas como seria bom se largássemos, mesmo que por apenas um dia no ano, as preocupações com o trabalho, a escola, a casa, as contas... e fôssemos viver um dia de criança, como antigamente. Ver os amigos que nos acompanhávamos no pique – esconde, aqueles que apostávamos corrida de bicicleta, que nos ajudavam a pular das árvores...

Precisamos voltar à nossa natureza, ao início. Para não perdermos a nossa essência!

Emily Soares
Enviado por Emily Soares em 18/12/2010
Código do texto: T2679081
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