Augusto

Comi a lavagem que o diabo vomitou

Amarguei a bebida ontem no beco

As negras fumando vapor de chão

Pisei feio no dia de ontem

Acabou que nem consumi

Os trechos de augusto

Queimou lá versos pro povo

E eu perdida na sarjeta das falas

As línguas dentro das línguas

Pontuando as minhas reticências

Ah!Augusto salva este povo

Da ignorância alheia

E eu dando uma de mundana

Colhi foi cuspe de bocas desaforadas

Que no auge das interrogações

Lambiam minhas idéias

E recolhiam minhas vergonhas

Dentro do meu vocabulário fajuto

Augusto arregaçou um parágrafo

E disse: tu surges em meio às prostitutas

Em meio aos bêbados, em meio às negras de dentes largos

No intro dos intelectuais

Mostra teu mundo pro povo

Mostra tua carne de rua

Não te mostra minúscula

Abre teus desabafos

Entranha no meio das coisas

Ah!Augusto me ama

Mas tenho o saber das damas

De sapatos vermelhos em cetim

Bebo puta vil

O cálice da mediocridade

Augusto deixa eu comer

O desmundo profundo

A mariposa chegou

Veja só o meu mundo.