Eu não tinha te esquecido?

Você não tem noção do esforço que eu fiz para te esquecer. Foram noites em claro, cara. Dias e dias sem comer, pensando em você e depois pensando que tinha que esquecer. Dias pensando que eu tinha que te esquecer porque nunca mais ia te ver. E porque você me odeia. E quando eu digo ODEIA, não é aquele ódio apaixonado, que atua com uma linha tênue de desejo. NÃO. É ódio mesmo. Desprezo, nojo. Tudo o que você sente por mim. E eu travando uma batalha mental, tentando ignorar a paixão que insiste no amor rídiculo que sinto, apesar de tudo. No começo foi díficil. Primeiro passei dois dias sem comer, só pensando em como seria a minha vida dali pra frente. Depois foi a fase de me entupir de chocolate escutar músicas de fossa,e derramar lágrimas. Depois a fase de achar que mundo tinha acabado. Depois foi a fase de apagar você no orkut, msn, em qualquer rede social e rasgar suas fotos, e PRINCIPALMENTE parar de escrever sobre você. E depois que não suportava ver comédias romanticas, bonés, desodorante malbec, café ou hortelã. Tudo que lembrava você foi sendo rejeitado. E eu consegui, cara. Consegui mesmo. Todo esse amor avassalador aos poucos foi se extinguindo, como tudo na vida, o tempo foi apagando, as vezes batia uma nostalgia, mas eu a repelia antes que a dor voltasse. Eu. Te. Esqueci. Parcialmente, é claro mas esqueci.

Mas quando nós achamos que a vida está prestes a se indireitar o destino vem pra nos foder. E inconsientemente, pelo menos da minha parte, eu não sabia, e nem entendi porque depois que soube, nós tinhamos que estar na mesma hora no mesmo lugar. E eu te vi, cara. Você segurou a maldita porta da nossa escola. A escola que eu achava que você não ia mais cursar! Segurou a porta pra que eu passasse, como se fosse um cavalheiro, como se fosse um cara do bem. E quando viu pra quem segurou, se lembrou de todas as reijeições da sua parte. Deu um sorriso sarcástico. O meu favorito. O que sempre se enquadra perfeitamente no seu rosto. E os seus olhos! Ah, aqueles que fazem diamantes ficarem com inveja do brilho. Orbes castanhos cintilando como pontos únicos num universo repleto de coisas insignificantes. E foi embora como se nem tivesse me visto, como se eu fosse um nada.

E eu realmente me senti um nada.

E voltou tudo, cara. Olha o que você tá me fazendo. Recomeçei o trajeto. E as milhares de perguntas que surgiram? Eu vou voltar a te ver? O que você fazia ali? Porque eu me sinto uma garota de doze anos? Porque eu passei o dia inteiro pensando em você? Eu não tinha te esquecido? DELETADO?

Mas quando a vida insiste em colocar alguém dentro dela... Não a nada que possa impedir. E agora eu estou aqui, escrevendo essas palavras idiotas e sem nexo para muitos, só pra desabafar o aperto no meu coração. Tudo por sua culpa, e desse amor platônico.

Agora só me responde uma coisa. Será que um dia o destino vai parar de me pregar peças e eu finalmente vou poder te esquecer de uma vez por todas?

Lívia Rodrigues Black
Enviado por Lívia Rodrigues Black em 20/01/2011
Código do texto: T2739907
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