VASO RUIM...

“Vaso ruim não quebra”... E por isso mesmo fica velho, feio, cheio de poeira e mofo.

Eu, aqui no meu canto, não quero ser vaso ruim em troca de não me quebrar. Melhor que me quebre sempre. Quero cair da mesa e virar caquinhos sempre que for preciso. Que eu me despedace, me espatife e vire pó toda vez que assim tiver de ser...

Vaso nobre, muito nobre é meu coração. É da paz, dos bons sentimentos, da sensibilidade, da poesia. Por isso mesmo pouco importa estilhaçar-me de vez em quando. Sei que sempre irei me recompor...

Do meu jeito, sopro o pó, vou dando conta dos cacos. Junto tudo devagar, pedacinho por pedacinho até ganhar novas formas. É quando me refaço em cores, num desenho mais forte... E estou pronta outra vez para a mesa da sala. Que venham a água fresca e as flores novas!

Enquanto isso, vasos que não se quebram, justamente por serem ruins, vão ficando cada vez mais velhos, bolorentos, mofados e tristes... Flores belas e perfumadas querem distância de vasos assim...