Procura

Na procura imensa do tempo, misturei poções tal qual um druída. Pós daqui e de mil terrenos, secos e áridos, limitaram o tempo que me rege. Tentei erradicá-lo, contrariá-lo, mas irremediavelmente estava condenado. Os minutos sucederam-se, as horas passaram, os dias voaram sempre caminhando em frente, pouco se importando com a minha vontade ou querer.

Nessa busca imensa, deixei-me escravizar pelo efémero, vivi agruras da irresponsabilidade, senti o termo da vida por várias vezes. Nunca temi ou sequer receei a morte, apenas a desafiei. Tinha curiosidade, queria conhecer o significado de risco. E como numa batalha, hoje sei que sou perdedor, pois essa maldita de foice erguida continua a pender a lâmina sobre a minha cabeça, esperando o momento certo para desferir o golpe final.

Sua vontade é inabalável. Recolhe as almas como um coleccionador atarefado e ciente do seu trabalho. Maldita. Representas o fim ou o princípio??

Quem és tu que determinas o términus, nos fazes temer essa mortalidade intrínseca. Ou serás apenas mais um instrumento de pura tortura. Quem te criou? Quem te avalizou? Minha amiga, não me metes medo, apenas sinto desprezo por ti. Alimentas-te, tal qual um necrófago, do medo do fim.

Kadú
Enviado por Kadú em 31/10/2006
Código do texto: T278376