Amor Irremediável.

Basta eu pensar que já nem lembro de você, para eu te ver, você atravessando a rua, você dentro do seu carro, você a uma enorme distância, emanando sua auréa de confiança, que eu percebo o quanto eu ainda sou incapaz. Eu tento me convencer a cada milésimo de segundo, em que cada detalhe do seu rosto colide na minha mente, que isso não passa de uma idiotice. Que eu consigo superar. Mas já faz tanto tempo que eu estou tentando. Não desisto nunca, mas acho que um dia eu vou cansar e entender que jamais vou conseguir realizar o ato de esquecer você. Eu penso no enorme abismo que nos separa um do outro, e fico me perguntando qual é o motivo dessa enorme atração. Desta necessidade de que você resida na minha mente, como um vírus que insiste em se apossar do corpo de um ser humano, e por mais que haja esforços e remédios, nunca se consegue exterminar a prega. Eu sempre me pergunto por quê. Eu sei a resposta. Sei que é sobre você, e sobre como o meus lábios ficam retorcidos num sorriso inevitável ao te ver. E sei que a resposta está dentro dos seus olhos. Quando estou, mesmo que há um metro de você, consigo enxergar duas combinadas formas emanando um brilho, as cores de tantos tons camuflados dentro da íris, a bolinha preta, tentando captar meu reflexo dentro do cintilante orbe, para saber se você está olhando para mim. E sempre me decepciono, porque você não está. Você é a forma sem conteúdo, é a beleza vazia, é todas as cores que sempre combinadas girando ficam brancas, foscas. Quando me lembro disso, penso que só falta andar um passo para conseguir exterminar a pandemia que você representa dentro de mim, mas então, aparece você, você e sua perfeição e beleza estonteantes e os seus dois olhos, e eu olho dentro deles, e enxergo uma beleza de verdade, enxergo tudo que a minha vida necessita, e os passos que caminhei, retrocedem um por um, enquanto me apaixono de novo por você, de novo e de novo. O seu nome me persegue, aonde quer que eu olhe eu posso encontrá-lo. O seu rosto e o seu cheiro também, parece que foi ontem que você chegou com seu perfume avassalador e sua voz masculina com mais uma de suas frases sarcásticas. E talvez tenha sido mesmo ontem, penso. Mas outra parte de mim, deseja que já se tenham passado séculos. Como eu posso aniquilar você de cada fibra do meu ser, enquanto ainda tenho a capacidade de enxergar bem no fundo da sua íris e ver a salvação do meu mundo conturbado, que para se salvar exige que eu não te veja nunca mais? É tudo muito confuso e díficil. Eu queria estar bem longe, bem longe no universo. Queria nunca ter te conhecido, e me apaixonado 19.201.920 vezes por você, e talvez só assim eu conseguisse sorrir, não porque eu enxerguei dentro dos seus olhos o mais perfeito brilho, e sim porque estou aliviada sem o carma que você representa nesse momento, por ser meu amor irremediável.

Lívia Rodrigues Black
Enviado por Lívia Rodrigues Black em 26/02/2011
Código do texto: T2816008
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