Derrubem as fichas

Se eu fosse diretor de um companhia aérea, contratasse um piloto com brevê para monomotores para pilotar jatos e o jato que indevidamente ele estivesse pilotando caísse e matasse dezenas de pessoas, eu teria a toda a responsabilidade pelo acidente, pelo horror das vítimas e pagaria por isso (de um modo ou de outro). Se da mesma forma entregasse um ônibus nas mãos de um categoria A e acontecesse um mesmo acidente matando pessoas também, toda culpa seria minha.

Quanto a isso não há dúvida: a resposta de quem seria a culpa seria unânime e estaria no ponta da língua de todos.

Se eu tiver votado num deputado que votou pela lei favorável ao aborto, pelas últimas estatísticas, eu seria cúmplice de um holocausto de mais de um milhão de inocentes por ano e não teria os dividendos dos médicos que praticam o “lobby” para isso (e o crime por debaixo dos panos). Abortos polêmicos à parte, a maioria é o resultado de festinhas descuidadas e olhinhos virados inconseqüentes, mas esses não fazem movimentos nem "lobbys" no congresso (são os "crinicus" mesmo).

A pena, ou a ausência dela, pode matar mais que muitas armas e sem cheiro, sem barulho e “sem culpados”.

A seca, a falta de infra-estrutura, o caos provocado na saúde promovem verdadeiros genocídios silenciosos, estatísticos.

Energia atômica também, só que enquanto não acontece o pior, os responsáveis juram de pés juntos que ela é segura (não é FHC?)

Então eu deduzo que o voto também.

Será que seremos corajosos o bastante para assumirmos a culpa?

Será que votar num Tiririca, para protestar, foi um bom negócio?

Será que não há outra maneira de fazer valer o a nossa demovalia?

O que nos acomoda tanto e nos deixam inertes?

Vamos derrubar as fichas, porque se esperarmos elas caírem uma por uma...