blá-blá-blá... amizade x amor...

É irritante. E além de irritante é avassalador. Os arrepios, e a sensação de felicidade, que simplesmente se apossa, domina, o meu corpo inteiro, quando você coloca mão ao redor da minha cintura e descansa a cabeça no meu ombro. No fundo, ou melhor, na frente mesmo, eu não sei o que isso significa. Toda enorme onda de êxtase repentino que toma conta de mim, é extremamente frustrante. Quando eu não sei o que isso de fato é. Uma representação de carinho? Uma amizade pura? Ou mais que isso?

Bem mais que isso...?

Não somos o tipo que podem chamar de românticos, nós rimos – rimos muito. Nós nos sentimos a vontade para falar qualquer besteira e confissão constrangedora. E não precisamos decenários com noites tempestuosas, com estrelas cintilantes e ventos uivantes. Não importa se é claro ou escuro, nós estamos lá. Fazendo acontecer. A minha pele roçando na sua, e você diz que eu estou gelada.

E eu ainda não sei o que isso significa. > Grr.

Mas nós estamos nos abraçando, quase como se isso dependesse para sermos felizes. E eu fico hesitando, entre aprofundar esse abraço. As vezes, sinto ímpetos violentos de deixar a minha língua explorar a sua boca. As vezes eu acho que sou uma idiota. Tanto faz. É amizade não é? Apesar de todos comentarem, um blá-blá-blá tosco para complementar, o fato de eu ficar horas e horas fazendo testes idiotas de ‘será que ele está a fim de você’ em revistas juvenis, eu sei que é amizade, e que vale a pena. Mas sei lá. Eu nunca ouvi falar em histórias sobre amigos que gostam tanto um do outro. Que se agarram pela cintura e se olham nos olhos. Amigos, que tem, sabe... Química?

Argh. Eu não sei por que estou escrevendo esse texto. Talvez seja só um humilde desabafo. NÃO IMPORTA. Talvez eu esteja carente. Realmente carente. Afetada, e precisando de você, e de todo esse carinho que eu sinto por ti. Você não é ELE, você não é a pessoa que eu sonho há muito tempo, mas as vezes eu começo a pensar que é muito melhor que não seja... Você é só você, o seu sorriso, a sua simpatia e os seus cabelos castanhos sob os olhos.

Talvez eu só esteja precisando do seu abraço, de como nós dois somos parecidos, gelados, engraçados, extrovertidos. Precisando sentir aquele cheiro – que ainda não detectei do que é- provindo da sua nuca, do seu cabelo. Apenas me reconforta muito. Reconforta tanto, que as vezes penso em jogar a palavra amizade no lixo como se ela fosse tão insignificante quanto estas palavras.

Procuro evitar pensar nisso, e na vontade que sinto de saber se você pensa isso também. Queria descobrir o que somos. O que eu sinto por você, e vice-versa. E a parte mais descontrolada de mim, anseia que seja bem mais, aliás, um mundo a mais, que porra da amizade. Queria sentir seus lábios pressionados contra os meus só para saber como a sensação. Sentir o gosto. Sem nada sério... Simplesmente deixar acontecer. Queira perguntar se você também quer isso, como eu quero. Ah, como eu queria.

Mas... Como se eu fosse lhe confissar ESSAS coisas. Como se você fosse ler isso algum dia. Melhor, como se eu fosse permitir. Como se o sangue não esquentasse debaixo da minha pele quando você toca em mim.

O que eu posso fazer é esperar cada minuto torturante por uma resposta, e saber que ela não virá tão rápido.

Ou talvez nunca venha.

Lívia Rodrigues Black
Enviado por Lívia Rodrigues Black em 05/04/2011
Código do texto: T2892010
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.