Vítimas na escola do Realengo/RJ

É preciso ver na imagem da tragédia a mensagem nela implícita. Por que isso aconteceu? É preciso mudar no Brasil a forma como os políticos são eleitos para cuidar dos interesses da população. Porque, pelo visto, eles não estão cuidando direito. Faltam remédios de uso contínuo nos postos de saúde, em total desrespeito à lei criada com base numa necessidade comunitária e a um serviço inquestionavelmente relevante por parte do Estado. E o que isso significa? Que situações como essa poderiam ocorrer até com mais frequência - pergunte a um psiquiatra o que ocorre com um paciente que deixa de tomar um remédio controlado repentinamente. E essa é apenas a ponta do iceberg... Bulling também deveria ser levado mais a sério. Quem garante que esse atirador não teria sofrido isso quando frequentou essa escola e agora estaria de alguma forma se vingando - direta ou indiretamente - nos filhos daqueles o martirizaram na sua infância e/ou adolescência? Ninguém entra num escola para atirar em crianças sem um motivo específico. É preciso então, antes de chamá-lo de assassino, considerá-lo como doente e tentar compreender o que o levou a isso para, inclusive, evitar outras tragédias similares no futuro. E que as crianças de todas as escolas brasileiras aprendam com esse fato a respeitar seus colegas, a não praticar bulling. Porque elas podem, com isso, estar deformando uma personalidade e propiciando a criação de um criminoso/suicida. A maior vítima nesses casos, embora a maioria não consiga ver assim, é o próprio criminoso. Tanto que ele nunca sobrevive. Embora nada justifique sua ação é preciso refletir sobre o que fizeram com ele antes, transformando-o naquilo que ele passou a ser. Portanto, somos todos responsáveis e não dá mais para tampar o sol com a peneira. Drogas de todos os tipos invadem as escolas, destroem as famílias e todos fazem de conta que não vêem. Todas as cidades brasileiras, grandes ou pequenas, estão sendo invadidas e dominadas por traficantes grandes e pequenos. Até cidades interioranas, antes aparentemente imunes a isso, estão perdendo a guerra para as drogas. E há comentários a boca pequena de que pessoas "ilustres" estariam por trás disso tudo. A corrupção prolifera de forma assustadora e domina todas as classes - tanto que se reflete na classe política, e não o contrário como muitos querem acreditar. Não haveria políticos corruptos, se a população não fosse corrupta! É preciso, então, mobilizar a população de forma eficaz para mudar esse quadro triste mostrando a fotografia sem retoques de um país perdendo a guerra!

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Devemos nossa solidariedade às famílias atingidas diretamente pelo ato de um doente. Mas devemos, também, tentar entender o que leva uma pessoa a adoecer dessa maneira. Todos se dirigem a ele apenas como assassino, mas não devemos esquecer que a primeira vítima foi ele próprio que já entrou nessa com a certeza de que levaria muitos com ele, mas não sairia vivo dali. O que leva uma pessoa a uma atitude extrema dessas? O que a vida fez com ele? Alguém se preocupa com isso? Algo está faltando nas escolas, direcionamento religioso (sem fanatismos), apoio psicológico aos alunos e às famílias. Vigilância maior em relação aos traficantes de drogas que proliferam como ratos ao redor das escolas e na comunidade como um todo. Alguém de fato se preocupa e se mobiliza para frear isso? Todos sabem que há políticos corruptos, policiais corruptos, agentes públicos de uma maneira geral corruptos. Mas não há corruptos sem corruptor. E o corruptor é sempre a própria comunidade, a sociedade que venda os olhos para não ver o que acontece ao seu redor... A corrupção dos agentes está diretamente ligada à comunidade corrupta. Uma não existiria sem a ação ou omissão da outra!

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A dor de um pai (sentido genérico) é sempre solitária. Há tantos motivos hoje em dia para um pai sofrer pelo filho (também sentido genérico) que fica muito defícil aos de fora compartilharem senão como meros expectadores no aspecto físico e oradores ao plano espiritual para que este derrame sobre eles o conforto e a paz necessária para superação de algo transitório e incompreensível no plano terrestre. Medidas preventivas devem ser tomadas para evitar a repetição, mas para o fato consumado só resta mesmo a oração. Que bons fluidos desçam sobre os pais para que estes consigam atravessar este mar de lágrimas sem maiores traumas além da perda irreparável. Ninguém merece isso, mas ninguém sabe também porque é que Deus às vezes escreve direito por linhas tortas... Tudo nesta Terra tem que ter seu motivo. Só resta então aos pais, também vitimados pela tragédia, entregarem-se ao pensamento de que seus filhos foram chamados mais cedo por algum motivo especial. Nenhuma folha cai de uma árvore sem autorização e, principalmente, sem seja na hora certa. Embora não tenhamos, ainda, espiritualidade elevada para compreender isso!

Lourenço Oliveira
Enviado por Lourenço Oliveira em 07/04/2011
Reeditado em 10/04/2011
Código do texto: T2894700
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