A “boa sociedade”

É engraçado o que ditam ser o correto a fazer. Privamos-nos das coisas naturais e prazerosas para sermos “indivíduos padrão”, os chamados “certinhos” de uma sociedade que escraviza o livre arbítrio mencionado na Bíblia. Não podemos mais no sentir carentes, antes, temos que ser de ferro e como disse Nietzsche “somos seres de carne, porém temos que nos comportar como se de ferro fossemos”. Não podemos demonstrar nossas fraquezas, mas construir um muro alto para que ninguém nos alcance. Nunca devemos ceder aos nossos desejos, porque o discurso de que a vida é curta e devemos viver o aqui e o agora, é algo peculiar dos desesperados, aflitos estes que a “boa sociedade” abomina e condena. Dar satisfação a quem não merece é lei para a sociedade em que vivemos e querer possuir privacidade ao mesmo tempo é estar fazendo algo de errado, e rótulos como o de perturbado e/ou traumatizado é colado em nossas costas. Agradar a sociedade não é fácil, a vida não é fácil, viver não é simples, sobreviver é complicado e em meio aos grilhões da opinião alheia, somos induzidos a ser iguais aos robôs que fazem tudo o que ditam ser o correto. Como se não bastassem às contingências naturais da vida, somos privados ou intimidados e absurdamente condenados por pequenos momentos de bem estar e satisfação. Aos membros da boa sociedade digo que sou a ovelha que ama o lobo e que vive fora dos currais de bons modos das vacas dos “bons preceitos” que sufocam e desabam a esperança de viver a meu modo. Boa ração para todos vocês, dê-me um instante, pois irei “ali” ser feliz e já volto.