Sempre socorrida pela música

Quando penso em meus momentos mais agoniantes, lembro que sempre me acalmava após ouvir música.

Ou quando tinha uma paixão não correspondida ou estava irada era também à música que eu recorria.

Certa vez, quando tinha uns 13 anos e precisava ouvir uma música urgentemente: era umas 19hs, já estava de noite, subi para o quarto do meu irmão, que estava trabalhando e que tinha um aparelho de som bem potente, coloquei o CD do 'Tears for Fears' para tocar, mais precisamente a música 'Woman in Chains', no último volume e sentei no escuro da varanda de casa apreciando o som.

Estou escrevendo isso, pois estou agora, às 20h40 de uma sexta-feira, presa dentro de um ônibus, desde as 19h10, em um engarrafamento monstruoso que não faço ideia do motivo!

Para quem é carioca, darei a dimensão do caos: o ponto final do meu ônibus fica no Terminal Menezes Cortez e só agora cheguei ao porto do Rio, mais precisamente na altura do antigo prédio do JB que, se não me engano, agora está virando um hospital do governo.

Meu celular só tem um ponto de bateria. O suficiente para só ter mandado um torpedo avisando da situação para o meu irmão e ligar para minha mãe quando estiver chegando ao ponto do bairro vizinho para ela me buscar. Com isso não podia ligar para ninguém para desabafar.

Já li umas 50 páginas do livro Melancia de Marian Keyes, mas tive que parar de ler, pois além de ficar enjoada quando leio no ônibus, já anoiteceu e poucas lâmpadas do bus estão acesas.

Logo, só me restou ouvir as músicas que tenho no meu palmtop. O que incrivelmente me acalmou, fez-me sentir viva e estranhamente feliz.

Agora escrevo estas linhas com a letra muito trêmula pelo sacode do ônibus. O trânsito está livre na Avenida Brasil; o que revela que tudo isso se deu provavelmente por conta de um acidente em Niterói ou simplesmente intenso fluxo de veículos.

Encerro assim, ao som de 'Endless Love', na versão gravada pelo elenco do seriado Glee, meu primeiro post e desabafo do ano de 2011! E que desabafo!

Escrito e finalizado por mim, Priscilla Mansur no dia 07/01/11 às 20h50 de algum bairro da Avenida Brasil.

E só para constar, cheguei à minha casa às 21h30, três horas depois de ter saído do trabalho, pois me esqueci de mencionar que fiquei 1h em pé na fila do bus!