Para onde voltar, por quem voltar!

Há um tempo que tudo que buscamos é a segurança de um porto seguro para onde possamos voltar nos tempos de crise e tribulações. Este lugar quase mágico pode ser sintetizado no ambiente aconchegante da casa dos nossos pais. Mas o tempo vai passando, as raízes se enredando e as asas desenvolvendo e já não somos assim tão coordenados na direção do lar materno, mas o porto continua lá. Lá um dia a vida cuida de desorientar a nossa bússola e o Norte some do horizonte devido ao tempo nebuloso da tormenta da Morte. Mas o Universo é sábio e segue a teoria da compensação, passado o impacto do choque com ondas revoltas, apesar de nos ter privado do “para onde voltar” nos acaricia com a força que impulsiona as velas da nau das nossas vidas, e numa transformação metamórfica abandonamos as certezas do casulo e despencamos na apavorante e maravilhosa sensação da paternidade/maternidade, e o Norte reaparece, não com a segurança da certeza, mas com o desejo inexplicavelmente maravilhoso de ter por quem voltar.