O ÚLTIMO QUILOMBO

Um quilombo era o local de refúgio dos escravos no Brasil, em sua maioria afro-descendentes, havendo minorias indígenas e brancas. O mais famoso foi o Quilombo dos Palmares.

O Brasil hoje apresenta vertiginosas e evidentes desigualdades sociais motivadas pela corrupção, políticas públicas insatisfatórias e afins. Uma das principais causas, senão a principal, foi o descaso com os ex-escravos no período que fora ratificada a lei áurea. Sem recursos, sem lugar para morar, sem trabalho e sem educação, os negros ficaram a margem da sociedade e, desde essa época, o “câncer” se espalhou pelo país gerando pobreza, analfabetismo, violência. Se formos a uma favela, obviamente veremos uma quantidade vertiginosa de negros e/ou seus descendentes e isso simplesmente é conseqüência da política social adotada desde o Brasil colônia. Podemos dizer que as favelas funcionam como “quilombos modernos” onde a massa negra da população tenta sobreviver miseravelmente sem os recursos necessários para uma vida social saudável. Eles vivem “no improviso”. Agora vamos deixar de lado as mazelas sociais do Brasil e viver em uma utopia, uma realidade alternativa...

E se os pobres do Brasil tivessem vivido um apogeu educacional e social desde o inicio do império?

Bom, hoje seriamos um país de primeiro mundo, os níveis de violência não chegariam a um patamar alarmante e milhares de vidas seriam salvas nas ruas, pois os assaltantes de hoje poderiam estar salvando vidas, como médicos, bombeiros, professores; as vidas poderiam ser salvas no trânsito, pois uma população culta e educada não aceitaria viver em ruas esburacadas, esgotos expostos, estradas mal acabadas e nossos intelectuais planejariam uma rede rodoviária de maneira inteligente, planejada cautelosamente para um povo igualmente inteligente e pensador. Salvaríamos nossos jovens e crianças das drogas, pois elas estariam muito ocupadas resolvendo trabalhos da escola e pensando em qual curso iriam optar na faculdade. Casos como a chacina da Candelária e/ou o assassinato do jornalista Tim Lopes poderiam ser evitados. A política social brasileira sempre foi atrasada e remonta à Idade Média onde a igreja católica proibia os fieis de lerem livros, pois era perigoso, ou seja, poderia desviar os fieis “do caminho de Deus”.

A glória social do Brasil não pode se resumir em casos isolados, a história mostra que a união faz a força, o Quilombo dos Palmares resistiu algum tempo mas acabou caindo, pois todo e qualquer exemplo de desenvolvimento é suprimida pelo sistema. A elite acostumada com a miséria social da maioria dá um “jeitinho” de destruir, assim como aconteceu em Canudos, onde o povo, cansado de tanta miséria, decidiu tomar uma atitude. Canudos também poderia ser chamada de quilombo, pois os escravos da fome e da seca decidiram se agrupar em uma sociedade mais justa sob a liderança do “Zumbi do sertão”, Antonio Conselheiro. E o que o governo fez mais uma vez? Bem, nem preciso mencionar, e é por isso que me vem à cabeça a ideia de que não podemos nos tornar um país desenvolvido, não com o pensamento medieval do governo e da nossa querida elite nacional. E se por uma utopia uma favela qualquer tivesse índices sociais elevados e pudesse ser considerada uma ilha de prosperidade em um oceano de pobreza? Bem, provavelmente os parasitas do sistema dariam um jeito de destruir esse modelo de desenvolvimento social que tanto assusta a elite parasitária, essa favela utópica poderia ser chamada de “Último Quilombo”.