PONDERAÇÕES DE UM CABRA SOBRE A SAUDADE

Bichim preverso da peste é essa tal de saudade. A saudade é tão difici de intender que chega duvido quando argun cabra me aparece cum conceito saudade. Isso num se intende não seu fela, só se sente! A gente só sabe que é uma aflição tão aflita, uma dor tão duída e um aperrei tão aperriado, que chega tirar o sintido do cristão. E a gente puxa cum força o ar pelas venta, pra ver se com os purmão bem cheio a gente sente o peito menos vazio, e ainda assim, cum a titela cheia de vento a agunia num passa. Se o cabra que inventou a saudade caísse na minha mão, mais eu ia fazer um trabai tão bunito com a ponta de minha pexera, que inté Lampião ia ficar murdido de inveja. Mais pensano mió, a saudade inté que tem um lado porreta, esse vazio no peito que a gente sente, é menos duído do que aquele vazio que sente o cabra que num tem do que sentir saudade. É, o cabra que inventou a saudade se safô dessa veiz, já botei a pexera de novo na bainha, e até que sô agradicido pela inventiva dele, afinal, é mió sinti saudade, sabeno que mais dia menos dia a gente mata ela, do que num sinti peste de nada. Tá rebocado.

Artsu Taraz
Enviado por Artsu Taraz em 14/05/2011
Reeditado em 15/05/2011
Código do texto: T2970607
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