Doa$$ão
 
Atrasada, abrindo a porta para sair, ouço o toque do telefone. Hesito: volto ou não para o atender. Poderia ser alguém da família, algum amigo, algo importante. Voltei.
"Alô", digo eu.
Ouço aquela voz treinada feito papagaio:
-Bom dia, gostaria de falar com o responsável pela residência.
-Pode falar.
-Nós estamos fazendo uma campanha no seu bairro, pedindo doações para a Instituição tal, a senhora pode contribuir com X para o café da manhã durante o mês de uma criança, com Y para o almoço e...
-No momento minhas doações disponíveis são; carinho, uma palavra amiga, um afago numa criança, uma tarde de leitura, alguma delas serve?
-Não senhora. Nossa necessidade no momento é material.
-Então passe bem. Nessa casa só se doa amor.
 
*A Instituição tem um serviço de telemarketing pedindo sempre doações em dinheiro.
11/maio/2011