O Rio

Não sei bem porque amo tanto o Rio

Se é por ser tão belo, por ter aquelas cores,

Por estar sempre na moda

Ou pelo seu humor.

...Se é porque a cidade encerra em suas entranhas um painel fiel,

Uma colcha de retalhos do país.

Talvez porque, como de resto, seja eu apenas um turista maravilhado.

...Ou simples alvo da mídia carioca.

O certo é que sua alegria em muito me contagia,

...É que o Rio me ratifica a brasilidade.

Mesmo que me sinta assim, um pouco adúltero por não ser de lá.

Mesmo que a miséria lhe empobreça as almas

De tantos quantos a isso se prestem em nome de uma notoriedade fugaz

Mas quanto a isso, o Rio é apenas vítima, não sócio.

Tal como outras cidades,

Isso confirma sua vocação generosa e democrática

O Rio é um pai, uma cidade mãe.

Que, como os filhos, sofre por não acolhê-los como gostaria.

Aos naturais e aos adotados.

Por carecer de homens à sua altura.

Por ignorar o futuro em nome de um presente que lhe absorve,

Com seu lado escuro, um norte carente.

O Rio é certamente o cerne de nossa gente.