Sobre as Janelas

Que enorme fascínio as janelas exercem sobre mim.

Pelas portas não sinto nada,

Podemos passar por elas a qualquer tempo,

Mas as janelas...

As janelas são meu amor platônico!

Nas janelas há algo de inacessível, de proibido

Só crianças podem sair por aí pulando janelas sem que haja qualquer motivo para pulá-las

Já para nós, gente grande, é como se apartassem dois mundos.

Olhar o céu através de uma janela não é a mesma coisa que olhá-lo de imediato

É como se fôssemos qualquer coisa fora da paisagem,

Qualquer coisa que apenas observa.

Do outro lado da janela um mundo em que não existo segue indiferente a mim,

E eu não estou aqui nem lá enquanto olho.

A existência perde o peso se olho pela janela...

E aquelas janelinhas altas que têm certos escritórios ou salas de aula?

Estas são maravilhosas,

principalmente quando chove!

No meio da correria elas vêm e nos sussurram:

“a vida ainda é mais que isto”,

E aí a própria vida aumenta.

A sala é só uma sala,

Os problemas são só problemas,

E o mundo...

O mundo está lá fora e é grande!

Minha casa perfeita tem muitas janelas e um jardim

E tem eu olhando da janela para o jardim

E tem ainda muitos sonhos voando pela janela