Os medos

A morte me assusta por minha religiosidade

A doença pela falta dela

A pobreza me assusta porque não passo fome

A riqueza, porque não saberia lidar com ela.

O descaso me assusta porque sou sensível

E não pelo seu significado absoluto

...E isso me assusta!

Os espaços me assustam porque sou introspectivo,

E minha introspecção eu temo por não me deixar espaço.

As trocas de conveniências me incomodam mais do que as temo

Mas não conseguiria viver sem as contrapartidas

A ignorância nos outros me comove mais que revolta

Em mim é o contrário

Há fragilidade nos cristais, assim como em mim:

Como não sou um deles, apenas me resta o feio de, além de tudo, ser frágil.

Observo nos meus companheiros de idade certos ridículos

Sou tolerante comigo, complacente mesmo.

...E isso eu não temo porque cada um tem sua dose.

...E a minha é definida por meus valores.

Enfim, temo mesmo a dor:

Em suas várias formas.