Essa é a vida, meu caro!

São incríveis as conversas de fim de ano. Todas as rodas de amigos são sempre àquela competição de quem está mais cansado e ainda está vivo, como se isso fosse algum mérito. Mas isso é de praxe.

Quando se tem amigos é indiscutível que as coisas são mais fáceis. Eu discordo disto. Quero ver quando tiver que deixá-los, mesmo se for por uma semaninha apenas. Antes não ter nenhum amigo, saber perfeitamente o que é dor e não ter nenhuma surpresa emocional.

Até um mês atrás sabia que iria fazer uma grande viajem. Estava empolgado e atônito para que este dia chegasse logo. E não é que o infeliz dia chegou, e o pior é que ele nem demorou!

São experiências novas, mas parece que quando estás prestes a partir, as coisas por aqui ficam mais gostosas e divertidas, e aqueles amigos que você nem tinha tanta intimidade são os que mais irão fazer falta. Peguei-me pensando no futuro. Será que o dia da volta será tão rápido quanto aquele infeliz que chegou há pouco?

Eu não consigo pensar em outra coisa a não ser na despedida. Eu não quero ter uma, mas na véspera da viajem tem uma festa para eu ir...

Não consigo me concentrar na leitura, no meu trabalho provisório, no maldito exame da faculdade e até mesmo nesta perturbadora viagem, só penso em meus amigos. É nesse naco de tempo que percebemos o quanto nossa vida é boa, no quanto que é bom viver, o quanto que é bom viver... Vou reencontrar novamente meu porto seguro, isto também me acalma, mas minha calma está gelada e tensa.

Já dizia Chico Buarque, “vida minha vida, olha o que é que eu fiz, deixei a fatia mais doce da vida”. Em meu português arranhado, acredito que ainda sei ver as coisas boas e aproveitáveis! Atrevo-me aqui a pedir desculpas e me redimir de meus tropeços, por fazer milhares de perguntas sempre e até mesmo por pedir perdão. Isto me atrapalha, faz pulsar, pulsar, pulsar as veias do meu corpo todo. Às vezes fico com a boca seca.

Sei que tudo vai passar, que voltarei a gozar de minhas boas amizades. Isto também me conforta. Mas não consigo parar de pensar naquela gente, mal me concentro a escrever! Sei que posso fazer prólogos melhores, mas este está sujo de saudades e nó na garganta.

Enfim, essa é a vida, meu caro!

Diego Mendes
Enviado por Diego Mendes em 05/12/2006
Reeditado em 06/12/2006
Código do texto: T310081