Lembranças suas.

A cama mal-feita desde o nascer do sol. Os lençóis meio atrapalhados caindo ao chão. Algumas fotografias deixadas de lado. Tudo estava exatamente igual àquela quarta-feira do mês passado. Tudo em seu devido lugar, menos uma coisa: você não estava lá. E não importava o quanto eu tentasse esquecer, era praticamente impossível. Nós dois juntos naquela tarde fria, deitados ao lado um do outro, olhando fotos do passado, sorrindo por estarmos juntos no presente - era como uma cena de filme: insubstituível, inesquecível. Ainda deitada, acariciando o lugar onde você antes se encontrava, me recordo, saudosa, da cor dos teus olhos. Esverdeados, assim como o mar da praia que costumávamos frequentar ao menos uma vez por semana. Recordo-me de teu jeito brincalhão e um tanto quanto inconveniente de agir, e das suas mãos fortes e morenas, que costumavam fazer carícias próximo ao meu ouvido. E da tua mania de enroscar teus pés com os meus, como se assim nunca mais pudéssemos nos separar. Agora permaneço aqui, deitada, aguardando tua volta, lembrando-me de teus jeitos e trejeitos, ansiando por um futuro incerto que talvez nunca se concretize. Fazendo planos que envolvem o teu nome. Desejando-te por inteiro, com todos os teus defeitos. Com todas as tuas qualidades. Com aquela sua mania insistente de me arrancar um sorriso bobo. Desejando-te aqui, como naquele dia em que eu tinha você - e não precisava de mais nada.

Raíssa César e Letícia Loureiro
Enviado por Raíssa César em 13/08/2011
Código do texto: T3157884
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