" OBRIGADO, SENHOR! "
Tenho fé, porém, não sei exatamente quantificá-la, e ao ver determinadas manifestações alheias tenho receio de que a minha seja pouca. O sangrar de um joelho ao pagar uma promessa, as romarias, as vigílias, é tudo muito lindo... E oportunidades de observar atos assim não passam despercebidas aos meus olhos, paro tudo ao ver um cruzar de mãos direcionadas ao Céu, extasiado pela coragem daqueles que clamam, pois não é qualquer um que tem coragem de falar sobre Deus, ou tem vergonha; e acho que nalguns momentos eu sou um desses.
Talvez seja preciso eu dedicar-me um pouco mais, agradecer um pouco mais, deixar de reclamar... Sei lá! Mas isto é pessoal, talvez vocês não queiram saber... Então vamos direto ao ponto:
Por estar constantemente com os olhos sobre os clamores, comecei a refletir a respeito de um ato que vejo todos os dias, no refeitório da empresa onde trabalho. No horário da ceia, algumas pessoas – ao sentarem-se com seu prato de comida – juntam as mãos e põem os cotovelos sobre a mesa, dizem coisas que de longe não posso ouvir, mas creio que estão rezando, orando, agradecendo o prato de mais um dia, acredito ser isso... Uma manifestação que invejo, e acho bela.
Ontem foi mais um desses dias. E vi nitidamente quando um colega meu veio e sentou-se à minha frente, na mesma mesa, cruzou as mãos sobre o prato, discorreu algumas palavras e fez o sinal da cruz.
Jantamos acompanhados de uma trivial conversa, falamos sobre preventivas atrasadas, sobre futebol, sobre as enfermeiras gostosas que entravam, sobre política, bastantes coisas. Até que um e outro foram findando o comer e abandonando seus pratos, uns limpos, outros com um pouco de comida, diferentes atitudes, o que é de praxe quando se vive em sociedade.
Comi até o último grão, como na maioria das vezes eu faço – procuro pegar o suficiente para alimentar-me –, sem exageros deflagrados pelos olhos, ou por displicência à comida.
Coloquei os garfos sobre o prato vazio e aguardei meus colegas terminarem a refeição, e vi quando o primeiro colega aqui citado acabou a sua, com um terço de comida no prato. Fiquei curioso e perguntei a ele:
– A comida estava ruim?
– Eu não quero mais não... Estou cheio – ele respondeu-me.
– Cheio?
– É...
Balancei a cabeça afirmativa e cinicamente, e pensei comigo: O mesmo rapaz que chega à mesa, cruza as mãos e agradece a Deus, joga a comida fora, acho meio contraditório, afinal, quando se agradece é porque consideramos importante, mas como jogar fora o que é importante? Não entendo... Sou incapaz de compreender um pensamento assim.
Será que meu colega acredita no próprio agradecimento que proferiu, ou será que é somente uma hipócrita fé ostentada só para dizer aos que estão ao redor que és religioso? Não sei... Quem sou eu para julgar? Afinal, talvez Deus também nem tenha percebido o que eu observei, talvez eu esteja interpretando mal, não sei, mas por via das dúvidas agradeci ao meu prato de comida, em silêncio, sem mostrar a ninguém falei a Deus com o coração:
– Obrigado, Senhor!
Talvez seja preciso eu dedicar-me um pouco mais, agradecer um pouco mais, deixar de reclamar... Sei lá! Mas isto é pessoal, talvez vocês não queiram saber... Então vamos direto ao ponto:
Por estar constantemente com os olhos sobre os clamores, comecei a refletir a respeito de um ato que vejo todos os dias, no refeitório da empresa onde trabalho. No horário da ceia, algumas pessoas – ao sentarem-se com seu prato de comida – juntam as mãos e põem os cotovelos sobre a mesa, dizem coisas que de longe não posso ouvir, mas creio que estão rezando, orando, agradecendo o prato de mais um dia, acredito ser isso... Uma manifestação que invejo, e acho bela.
Ontem foi mais um desses dias. E vi nitidamente quando um colega meu veio e sentou-se à minha frente, na mesma mesa, cruzou as mãos sobre o prato, discorreu algumas palavras e fez o sinal da cruz.
Jantamos acompanhados de uma trivial conversa, falamos sobre preventivas atrasadas, sobre futebol, sobre as enfermeiras gostosas que entravam, sobre política, bastantes coisas. Até que um e outro foram findando o comer e abandonando seus pratos, uns limpos, outros com um pouco de comida, diferentes atitudes, o que é de praxe quando se vive em sociedade.
Comi até o último grão, como na maioria das vezes eu faço – procuro pegar o suficiente para alimentar-me –, sem exageros deflagrados pelos olhos, ou por displicência à comida.
Coloquei os garfos sobre o prato vazio e aguardei meus colegas terminarem a refeição, e vi quando o primeiro colega aqui citado acabou a sua, com um terço de comida no prato. Fiquei curioso e perguntei a ele:
– A comida estava ruim?
– Eu não quero mais não... Estou cheio – ele respondeu-me.
– Cheio?
– É...
Balancei a cabeça afirmativa e cinicamente, e pensei comigo: O mesmo rapaz que chega à mesa, cruza as mãos e agradece a Deus, joga a comida fora, acho meio contraditório, afinal, quando se agradece é porque consideramos importante, mas como jogar fora o que é importante? Não entendo... Sou incapaz de compreender um pensamento assim.
Será que meu colega acredita no próprio agradecimento que proferiu, ou será que é somente uma hipócrita fé ostentada só para dizer aos que estão ao redor que és religioso? Não sei... Quem sou eu para julgar? Afinal, talvez Deus também nem tenha percebido o que eu observei, talvez eu esteja interpretando mal, não sei, mas por via das dúvidas agradeci ao meu prato de comida, em silêncio, sem mostrar a ninguém falei a Deus com o coração:
– Obrigado, Senhor!