... No meu aniversário ...

Quando tudo parecia passar rápido demais, eis que o meu pai me chama de menino. O menino que olha para o pai-herói já não é o mesmo que hoje é herói dos meninos que não sabem o quanto continua indefeso. A vida é dura e não perdoa os que têm medo dela. Quanto mais se pergunta o porquê é quanto mais ela debocha, como a menina gostosa da escola que hoje é uma baranga. Não se pergunta à vida; aceita-a. Mas... não seria bom ser feliz? Felicidade pode não ser o que se espera, mas o que deve ser feito. Perguntas e mais perguntas e nenhuma resposta. Deixa chover, deixa viver. Quem está na chuva é para se molhar e se queimar com o fogo da paixão e da aventura... e da responsabilidade, e do sapo engolido. Palavras ao vento. Apenas, palavras pequenas. Poderia fazer poema com letras de música, mas não seriam coisas minhas. Ora, e o que temos de nosso? A vida é um constante plágio. Não temos nada, mesmo o desejo de ser sempre mais. Agora desejamos aparentar mais. As crianças sentem sono e ficam enjoadas. Eu fico enjoado por pagar contas. E assim se vai mais um ano. Queria pelo menos mais trinta e quatro, e depois pedir outros tantos. Por mim viveria uns duzentos. Pena que um dia vai ter que acabar. Pena que o mundo não depende de mim. Pena que os passarinhos não cantem por minha causa. Pena de passarinho que não pode voar. Passarinho é o que sou, mas em sonho; não em sã, nem em vã.