Tormentos da imaturidade

* O pior lamento é aquele que não encontra lágrima, não pode se externar. E meu maior tormento é me desgastar por nada, coisas que não posso controlar.

* Enquanto me desespero com toda a tragédia mundial, esqueço meu interior. Relacionamentos, autoestima e saúde vão mal, nem sei o que é ter um amor. Fechei os olhos e tentei me conectar com as urgências pessoais. Silêncio. Abri os olhos e me deparei com o ser humano contumaz. Escândalo. Aí sim, milhares de vozes se manifestam em meu pensar. Há uma em especial que me conduz, não entendo o que diz; só que me seduz, me amarra com a ideia de ser feliz.

* "Comece por você, seja a mudança, faça acontecer, quem acredita sempre alcança". Já conheço o conselho e é por ele que respiro, mas em mim mesmo não encontro equilíbrio. Conheço e valorizo as orientações, porém dentro de mim não administro as frustrações...

* Estude mais, trabalhe focado, junte dinheiro para curtir o feriado. Compre roupas, seja bonito, vá ao teatro, não fique restrito. Viaje ao exterior, leia os pensadores, aonde for busque seus amores. Não perca esse filme na estreia, você tem que conhecer essa teoria e aquela ideia... Já me afogo para cumprir essas obrigações, esses lazeres, essas exigências, esses prazeres... Mas todos os meus atos são medíocres. Nunca estudo o suficiente, o dinheiro sempre falta. Não consumo até ficar contente nem sigo a minha pauta. Vou deixando lacunas que gritam em meus ouvidos, porém acreditando que é mais importante ouvir os excluídos. Menos de si, mais do que é nosso, mas se não investir em ti como ajudar o próximo?

* Agora vejo como reclamo da rotina massificada porque me comporto como criança obstinada. Que deixa isso para depois e aquilo também, que quer conhecer a todos mas no fundo não tem ninguém, não escuta os mais velhos dizerem o quanto aquilo é importante, apenas se apega ao inconstante.

* Lamento ser assim, lamento mesmo, queria ter mais foco, raciocínio e competência, ser menos disperso, não ser um retrocesso, ter menos insistência... Lamento e não sei como agir ou demonstrar, a lágrima não quis vir, não posso sequer chorar.

Priscila Silvério
Enviado por Priscila Silvério em 22/11/2011
Código do texto: T3350507
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