[Um Certo Infinito Azul do Céu]

Eu amo pela obrigação de amar,

isto é: amo por não saber amar

e por não me interessar pela resposta

à pergunta que nem cheguei a fazer,

e que, no entanto, não se cala...

Não me importo se eu morro,

Não me importo se tu morres,

Não me importo se ele morre,

Não me importo se morremos.

[...E não me importo com o infinito azul do céu!]

Só me importo com as coisas

que eu posso controlar;

por isto, não me importo

que o outro nem se importe

com o meu não importar...

Refletindo mais: eu esqueci o significado

desse verbo... ou eu nunca o soube!

No desfiar das eras geológicas,

ninguém conta, ninguém importa

para a dimensão absurda do mistério

de existir sem razão, sem por quê.

Algumas perguntas são perfurantes:

visto assim, por que trepanar o crânio...

para deixar escapar a alma,

pitagoricamente presa ali,

para aquele infinito azul do céu

que em nada me importa?!

Não; nada importa, nada;

e muito menos importa

uma informação que não

se pode, ou se sabe usar...

[E como sempre, eu disse, disse, disse...

sem nada dizer — e nem isto importa!]

[Desterro, 26 de novembro de 2011]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 26/11/2011
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